Tomando liberdade de usar este título de conhecida propaganda, também tenho a minha história.
Sem ajuizar, faço apenas algumas constatações dos anos 60: geração “anos dourados”, dos bailes orquestrados, da presença do rock, da política intensa, do surgimento do feminismo mas, também das rígidas leis morais dentro das famílias.
Fui fruto desta geração. Não havia explicações para o “não” e nem grandes condescendências. Passei uma infância muito gostosa, tendo ótimas recordações. No entanto, ao atingir meus 12, 13 anos, os rituais referenciados pela idade ( quando usar batom, meia de seda, o sapato de salto, a saia justa) passavam a incomodar não só a mim como àquelas que compartilhavam da mesma idade. Tratava-se de um processo natural naquela época: as filhas querendo e os pais “segurando” . A diferença sexual era bastante evidenciada: homem pode, mulher não.
Lembro-me da vergonha que passei, de ir chorando e emburrada para uma festinha por ter que usar meia branca soquete. “Então vou sem meia”, argumentei, recebendo como resposta, um sonoro não. Não se concebia ir à uma recepção sem meia ... afinal eu era moça de família!
Dentro deste contexto, uma pessoa fez parte integrante da minha adolescência pois foi me abrindo as portas pouco a pouco para a entrada na vida adulta. Foi uma presença extremamente marcante, tornando-se minha referência. Ela e o marido apelidaram-me carinhosamente de a “quarta filha” por terem três filhas, sendo a mais velha, minha amiga de segredos e confidências e, como tudo na vida há os menos radicais, ela foi uma delas. Sentia-me bem na sua casa, que freqüentava com assiduidade. Permitia que eu passasse um batonzinho cor de rosa, falasse ao telefone com suspiros e cochichos, se interessando em saber como iam meus primeiros amores.
Mas, o mais importante ainda estava por acontecer... Ia completar 13 anos e, meu sonho tão acalentado há meses, percebido por esta senhora que até hoje tenho grande afeto foi, através de uma surpresa, finalmente satisfeito:
Ganhei meu primeiro sutiã!! Foi uma sensação difícil de descrever pois naquele momento, deixava “oficialmente” a infância para sentir-me completamente mulher ...