Claro que e sem dar lugar a qualquer prévio argumento, o presidente da república brasileira, um gigantesco país com 180 milhões de habitantes, tem de ser uma personalidade acima da mínima ínvia suspeita e responsável exclusivo por quanto sob a sua governação presidencial ocorra.
O locupletante escândalo que eclodiu no seio do PT e abrange importantes figuras partidárias e governativas, tem por consequência um arguído principal que, tenha as mãos como tiver, não as poderá fechar ou lavar de qualquer jeito. Toda a gente consabe que a côdea do pão, logo que comece apresentando bolor, já não cobre miolo que esteja em condições de comer-se. Por mais que se intente a mastigação o bolo alimentar não entra, porque o paladar também tem miolos.
Os dirigentes do PT que ainda estejam de mãos claras, se porventura e pelo menos considerarem que há limites na manutenção da dignidade pública que não podem de forma alguma ser ignorados, terão imediatamente de colocar o partido sob a decisão dos petistas de base - aqueles que deveras trabalham e suam o pão-seu de cada dia - desmembrando e banindo todos aqueles que por qualquer enviesado modo tenham contribuído para o corrupto imbróglio que, neste preciso instante, está tão só a espulinhar-se e a sacudir algumas superficiais pulgas, na famigerada senda dos bodes expiatórios.
Se Lula da Silva não impuser a barrela geral no partido e apresentar em azada oportunidade - quanto mais depressa possível - a sua demissão, procedendo depois como bem entender, estará tão só a sobrecarregar o Brasil e os brasileiros com mais apodrecimento social e a esvaziar a credibilidade das diversas instituíções. Estará, sim, a empurrar ainda mais o Brasil para o desiderato que os brasileiros "não merecem": a descolorização do precioso mel do espítiro !...
 
António Torre da Guia |