Eis, estimadíssimos LL, um dos mais recentes mapas do Irão. À Vossa esquerda, em tom mais carregado, está o Iraque e a sua capital, Bagdad, onde actualmente, como se consabe, as forças militares do Ocidente, encabeçadas pelos EUA, montaram baluarte estratégico óptimo. De uma vez por todas, teremos de nos habituar à ideia - doa o que doer - de que os mortos, em relação ao futuro, estão bem mais garantidos do que nós.
No Iraque, afinal, não havia armas químicas e o petróleo estava a escorrer fluentemente. Existia contudo uma séria problemática que começou a engordar logo que o Xá da Pérsia foi desimperado.
Tudo leva a crer que os actuais mandantes em Teerão estão seriamente empenhadíssimos no fabrico do "Grande Alá". Ora, se eles, individualmente, são capazes de meter um saquinho explosivo à cinta e desfazerem-se aos bocadinhos para se deitarem no meio de sete virgens, de que serão pois capazes logo que consigam convencer o seu deus a deitar-se com as sete virgens também.
Bush, apanhado por um repórter em mangas de camisa, afirmou que não "acredita" que o vírus fundamentalista recue no desenvolvimento nuclear. Todavia, disse também que aguardará que toda a espécie de diplomacia se esgote em busca de um "entendimento".
Eu tenho uma opinião bastante óbvia e assaz lógica. Há anos que Bush tem o mapa do Irão sob vista contínua na sala oval, por causa de muitas-muitas coisas, e uma delas, muitíssimo importante, é que o deus de lá e o de cá não se gramam um ao outro. O de cá só nos pede para ajoelharmos para que descarreguemos a consciência e o de lá obriga-os a bater com a cabeça no chão para ter a certeza de que deitam fora os resíduos pecaminosos. Um tipo sem pecados, creiam, é um perigo.
Por consequência, dê para onde der, Bush mandará invadir o Irão antes de ir gozar a esplêndida reforma, quiçá de tapete voador e durante três mil e três noites.
A rir, a rir muito, caríssimos LL, é a forma ideal para sacudir a tristeza, a tristeza que grassa sobre milhões de almas, as quais, quando muito, só aspiram à posse de um camelo que lhes transporte os alimentos e lhes forneça o "combustível" para se aquentarem nas noites frias.
De resto, se tamanha fatalidade acabasse, o que é que haveria de ser dos milhares e milhares de operários que trabalham na indústria bélica? Eu, por exemplo, mandava-os todos para bombeiros e guardas florestais, a cavalo, claro...
António Torre da Guia |