PADRE QUEVEDO – O DESCASO DOS CIENTISTAS
A Parapsicologia estuda todos os fenômenos misteriosos relacionados com o homem, possivelmente faculdades humanas.
A Parapsicologia, contra a opinião da “Micro-Parapsicologia”, não se limita aos fenômenos não-sensoriais = Para-Normais (PN). Nem só aos fenômenos sensoriais, Extra-Normais (EN), como pretendia a antiga Escola Materialista Russa. De acordo com a tradicional eclética e teórica Escola Européia (e Clapiana), além dos fenômenos PN e EN estuda também os fenômenos Supra-Normais (SN), mesmo que após criterioso estudo tenha que reconhecer que claramente superam as faculdades humanas. E tira as conseqüências teóricas, filosóficas, e as relacionadas com a Religião, e procura as aplicações práticas...
De outro ângulo, os fenômenos parapsicológicos se dividem em Fenômenos de Efeitos Psíquicos, de Efeitos Físicos e de Efeitos Mistos.
Outra consideração importante: Contra a Micro-Parapsicologia da Escola Norte-Americana, concentrada nos laboratórios e com estatística matemática, reclamam com toda razão muitos parapsicólogos na linha da Escola Européia, que agora também engloba a antiga Escola Russa. Primeiro porque o laboratório e intento de compridas repetições inibem a manifestação dos fenômenos parapsicológicos e alguns absolutamente nunca surgirão nessas circunstâncias. É imprescindível dar grande destaque aos casos espontâneos, no seu ambiente propício... Seria absurdo pretender estudar entre as quatro paredes de um laboratório a “psicologia” de um tigre... Vá à selva, e que o tigre nem te fareje!
Lamentavelmente, sobre a casuística espontânea quase nada se aborda nos Congressos organizados pela Micro-Parapsicologia. Assim são pouquíssimos e de escassíssimo valor os estudos dessa Escola sobre os fenômenos de Ocultismo, Espiritismo, Feitiçaria, Curandeirismo, Faquirismo, Seitas, etc., etc., etc. Precisamente os fenômenos que mais ocorrem e que, portanto, mais interessam. Nada, ou erradamente, respondem a tão freqüentes perguntas, às vezes angustiantes, do público. É por isso que ultimamente já alguns pesquisadores originários da escola Norte-Americana, como Rhea White, Harvey Irwin e outros, cada vez mais estão estudando casos espontâneos. Inclusive um pouco disso fez a própria esposa de Rhine, Dra. Louise. Isto é, estão aderindo, em parte, à Escola Européia. O problema é que sua formação está estragada de base, preconceituosa, e em geral não são capazes de submeter-se à amplidão de visão da Escola Européia. Será que preciso, por exemplo, aludir à lavagem cerebral que Rhine incute nos seus seguidores? Será que preciso repetir aquele pronunciamento anti-religioso de Rhine? É preciso aludir de novo à absurda atitude daquele “micro-parapsicólogo” em plena Televisão? Por exemplo!
ERRO DA CIÊNCIA – Durante séculos e séculos tem sido menosprezada pela ciência estabelecida a análise dos fenômenos parapsicológicos e mesmo o veredicto sobre a sua existência. E por isso mesmo ao público pareceram mais misteriosos. Reais ou imaginários, naturais ou atribuídos errada ou acertadamente a forças superiores, sempre ocuparam a atenção da humanidade... Menos da maioria dos cientistas (!?) nos últimos séculos: absurdo, mas verdade.
A culpa originariamente foi de um padre franciscano, do século XIII, Rogers Bacon, considerado o pai da metodologia científica. Na sua época, na Europa, o centro da cultura, os leigos dedicavam-se aos negócios e à guerra. As Universidades estavam em mãos da Igreja Católica. “Mester de clerezia”, ministério de clérigos.
E, lamentavelmente, misturava-se religião e ciência. Analisava-se tudo em grande parte do ponto de vista dos teólogos. O padre Rogers Bacon reagiu. Exigiu experimentação, repetição, tocar, ver... E logo, pouco a pouco, foram ao outro extremo, especialmente à medida que foram participando os leigos: a ciência debruçou-se sobre a matéria, o regular, repetível, tangível..., o comum. E assim foi-se esquecendo e mesmo rejeitando da ciência, sem estudo, tudo o que fosse imaterial, espontâneo, irregular..., o incomum.
Após Bacon e cada vez mais vieram muitos inclusive com intenção ou preconceitos anti-religião: David Hume, Emmanuel Kant, Adoux Huxley, etc., etc. Houve uma campanha anti-religiosa. Para ser cientista, havia que ser agnóstico, materialista, racionalista, ateu... Já no século XIX arrastaram inclusive grande número de teólogos protestantes, chamados liberais, como Harnack, Bultman... Arrastaram também grande número de destacados teólogos católicos, chamados modernistas (e após a condenação pela Igreja, poderíamos chamá-los modernizados), como o Padre Loisy, o Padre Leon-Dufour, etc., etc.
É absolutamente imperdoável que pessoas que se dizem cientistas deixem de lado essa ingente quantidade de fenômenos. Com todo direito reclamava Vítor Hugo:
“Substituir o exame pela mofa, é cômodo, mas anti-científico (...) O inesperado deve sempre ser esperado pela ciência, que tem por encargo retê-lo e estudá-lo atentamente, rejeitando o quimérico, confirmando o real (...) Que o falso se misture ao verdadeiro, isso não justifica a rejeição do todo. Desde quando o joio é pretexto para se recusar o trigo? Arrancai a erva daninha, o erro, mas ceifai o fato e atai-o aos outros. A ciência é o feixe dos fatos. Evitar habilmente um fenômeno, recusar-lhe a dívida de atenção a que ele tem direito, despi-lo, pô-lo na rua, virar-lhe as costas sorrindo, é deixar a verdade caminhar para a bancarrota, é permitir que seja contestada a assinatura da ciência. Abandonar os fenômenos à credulidade, é trair a razão humana. Um cientista que ri do possível, está bem perto de ser um idiota”.Por
Oscar González-Quevedo, S.J. – Professor, Doutor e Padre, Diretor/Presidente do
Centro Latino-Americano de Parapsicologia – CLAP,
“um dos centros parapsicológicos de maior prestígio a nível mundial”.
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Transcrito por Luiz Roberto Turatti, do
“BOLETIM DE PARAPSICOLOGIA N.º 106”, elaborado por
Carlos Orlando, da
Organização de Estudos Parapsicológicos – OEP.
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“Fora da VERDADE não existe CARIDADE nem, muito menos, SALVAÇÃO!”LUIZ ROBERTO TURATTI.