George Bush tinha assumido a presidência dos EUA - diz-se que do mundo - havia, mais ou menos, nove meses, tempo óptimo, após a concepção, para pôr um filho cá fora, em contacto pleno com a poluída ambiência que cada vez mais assola a humanidade.
E o filho nasceu, inesperada e abruptamente, vindo dos génes que as diversas administrações norte-americanas - as tais que se encabeçam em nome dos direitos humanos - têm produzido ao longo dos últimos cinco decénios.
Ninguém calculava que o dia 11 de Setembro de 2001 dealbasse para um dos mais trágicos mortícinios que o raciocínio símio vez alguma tinha produzido, algo horripilante que colocou a inteligência, de boca aberta ao centro da testa, com a língua de fora.
Dois aviões com passageiros sobrevoavam naturalmente o céu de Nova Iorque, sem que ninguém soubesse que estavam a ser comandados e dirigidos por assassinos suicidas. Quem imaginaria que se encaminhavam de encontro às duas famosas torres do World Center?
Ora numa, ora noutra torre, os dois sucessivos impactos, vistos por quem na altura transitava nas imediações, pareceram surpreendentes golpes de criação publicitária, neste mundo capaz de tudo para vender num só lance mais de três milhares de urnas funerárias.
Entre a monstruosa derrocada que se seguiu, incontáveis pedaços de carne humana tombavam do alto, envolvidos em chamas, como se fossem auspicioso fogo de artifício em dia de festa. Nos minutos imediatos, os primeiros ais e gritos começaram a ouvir-se no meio da balbúrdia dos escombros. Ninguém sabia deveras o que tinha acontecido. O sentido colectivo demorou algum tempo a aperceber-se da hedionda simplicidade do engenho criminoso sem perdão possível.
Ninguém numa hora decide melhor do que o minuto inicial, tenha a decisão o sentido que tiver. Todavia, embora submetido à inexorabilidade temporal, o homem teima enlouquecidamente dominar o tempo.
11 de Setembro, dois algarismos verticais, duas torres lado a lado que deixaram de o ser, duas ideias que se comprazem bater-se e continuarem estupidamente a destruir-se. Duas afrontas, quiçá dois monstros vindos à luz da história: Bin Laden, aluno da América, e George Bush, filho de professores sem destino.
Afinal, Deus, além de criador, também é assassino. Por isso mesmo, não pode nem deve existir. Deus?!... Como é que a inexistência existe?... Absurdo que fisicamente confirma o invisível peso que derreia os quotidianos da vida.
Todo aquele que enfrente a força natural com uma arma, morre desarmado.
António Torre da Guia
A pesquisa surgiu-me por mero acaso.
Vá, pelo menos, ria saudavelmente consigo mesmo. |