Como soer é dizer-se, tarde ou cedo, mais dia menos dia, demore o tempo que demorar - e eu direi, acrescentando outro paradigmático sentido, que não é possível aguentar o insustentável - as decorrentes sociedades portuguesa e brasileira, quanto a mim e da próxima feita, oscilarão 180 graus e não os abrilinos 360. Afinal, a ditadura persiste: os padres já podem trajar à civil, enquanto os democratas mandam o povo arranhar paredes, coçar as costas de encontro aos cacetes-escudos e tomar uns banhos de pressão sob as mangueiras da polícia de choque.
De resto, no que aos outros países lusófonos concerne, será necessário pelo menos mais um século para que os pretos deveras se sintam brancos entre as algemas inversoras do racismo, mas do racismo económico, essa abominável lepra que afecta imparavelmente os pobres com alguma sorte.
Afinal veja-se e sinta-se para que banda tombam os sucessivos governos de esquerda que têm governado Portugal. Veja-se e sinta-se também, como elucidante exemplo agora, para onde vai Lula, a derradeira esperança dos trabalhadores e mais carenciados cidadãos do Brasil. Quem não detectou ainda que Religião e Política são tão só duas cangas que se colocam invisivelmente sobre o pescoço da bicharada menor, essa que esfrega, lava e empurra a merda dos privilegiados para os esgotos?
O mundo não está podre. O mundo não se deixa apodrecer. Quando lhe dá na veneta, vira tudo para cima e para baixo, para que tudo também se fique lamentando em paz. Podres ao máximo estão os sistemas limpinhos que limpam as algibeiras dos iludidos, subordinando-os à escravatura voluntária.
Ora, então, o que é preciso fazer? Nada. Nós não podemos fazer coisa alguma. A morte é que faz tudo, tudo, logo que se mete nas mãos da vida e começa a agir. Nós, somos uns pobres animais domésticos treinados para sermos dóceis, piores, muito piores do que o fiel amigo que covardemente colocamos a guardar-nos a casa.
Esperança? Ah... Sim, devemos ter muita esperança em nós, esperança em ter força para defender a nossa sobrevivência, logo que chegue a hora séria de sermos obrigados a mexer o raciocínio e o corpo ao mesmo tempo.
Foi assim no passado, assim será no presente e assim haverá de ser no futuro. A solução humana - para o caso de não saberem - está na sua extinção total. Até pareço um cientista a fazer cocó miolar, pois pareço?...
A composição do Luis Miguel - Entrega-te - que está ouvir, é muito linda. Observe as entre-linhas do cântico, relacione, e prossiga a racionar. Faz-lhe bem cara ou caro L&L..
António Torre da Guia
PS = Lula, desde que ascendeu a presidente, tem sido muito sóbrio em sua vida. Come, bebe, dorme, veste e goza tal e qual o cidadão comum que jurou e prometeu defender. Pois, pois, pois... |