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Artigos-->Você ?!... Agora é lindo. O povo venceu. -- 13/09/2005 - 22:11 (António Torre da Guia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Sou do tempo em que, se eu pronunciava "você", levava logo com esta: "Seja educado menino, "você" é estrebaria".



Ena, santinho, que corado eu ficava. Lá me emendei de vez para não estar sempre a ouvir a mesma coisa. Tempos houve também em que comecei a zurzir os outros com o "você é estrebaria".



O dicionário actual trata o "Você", quanto a mim, como deve ser:



De vosmecê - vossemecê - vossa mercê



Forma tónica do pronome da 2ª. pessoa do singular que desempenha a função, quer de sujeito, quer de complemento, e é empregue com o verbo na terceira pessoa.



Como pronome pessoal, designa a pessoa a quem se fala e é usado entre pessoas que se tratam com alguma familiaridade, mas não o suficiente para utilizar o pronome tu.



Mas, quanto a mim, graças à maioria dos cerca de 180 milhões de brasileiros, martelando todos ao mesmo tempo, o "Você" ganhou beleza cívica e implantou-se correntemente, concorrendo para desfazer a diferença no trato entre classes.



Então, oh, o Roberto e a Fafá pronunciando "Você", é uma beleza para escutar muito bem escutadinha.



Não sei porquê, mas brasileira a pronunciar "Você" de encontro a meu ouvido, me faz cocegazinhas maravilhosas no tímpano e daí por mim abaixo.



Afinal, o tal senhor, tanto chamou "você" ao seu escravo que, hoje, ao levar de volta com o som da submissão, soa-lhe mal ao ouvido. É, os génes de outrora ainda percorrem o sangue de muita gente, mas, isso, deveras acabou.



Amo você. E você, me ama?



Soa-me muito melhor do que:



Amo-te. E tu, amas-me?



É seco, frio, muito impetuoso, não tem expansão silábica, dá ideia de magoar o significado ao sujeito.



À brasileira tem mais som, dá para saborear, para ninar as palavras.



E não estou, não, a passar tinta dourada atrás da parede. Estou de facto a pintar de frente e porque assim sinto. O dicionário actual sente como eu, felizmente.



De resto, um portuga legítimo, que ama a sua língua e a sua gigantesca flexibilidade, a corroborar a evidência, alivia os que se martirizam sob a canga da expressão snob.



Em dadas circunstâncias, eu, António Torre da Guia, peido-me logo.



Já custa pra caramba suportar as algemas e as grilhetas da vida, quanto mais as da língua...



Você?!... Agora é lindo. O povo venceu. Falta vencer o resto.



António Torre da Guia


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