1. Em seu livro, hoje clássico, e já traduzido para português, "Problemas da Poética de Dostoiewski", Mikhail Bakhtin lançou as bases da teoria crítica da carnavalização.
Esta forma crítica de pesquisa veio dizer-nos que há textos literários que foram elaborados sob o signo da carnavalização. Esses textos mostram a cultura de um povo em seus efeitos cômicos e paródicos proporcionados pelo insconsciente social manifestados nos rituais de máscaras, no riso, na busca do grotesco, nas festas, nas orgias, no carnaval, nos rituais religiosos, etc.
2. A carnavalização, segundo Bakhtin, pode ser um desvio e também uma inversão dos costumes consagrados, como fez a geração hippie, que sobrepôs o sacro e o profano, o velho e o novo, sem atender a certas normas de interdição social. A carnavalização é de alguma maneira o mundo às avessas e pode ter a leitura de uma parodização. 3. A história nos mostra momentos de carnavalização. Esse mundo às avessas está na Idade Média, na pintura "O velho" de Breughel como na de Jerônimo Bosch e pode ser interpretado, conforme os casos, como desvio, como paródia, como estilização, como apropriação,como contra-estilo e até como contra-cultura, conforme já mostrou Affonso Romano Sant’Ana no capítulo "Carnavalização" do livro "Paródia, Paráfrase & Cia." publicado pela Ática, São Paulo(série Princípios), em 1985.
O livro de Mikhail BAKHTIN, "Problemas da Poética de Dostoewski", saiu no Rio de Janeiro, pela Forense Universitária,em 1981. Quem estiver interessado na temática encontrará também em Nontgomery J. de VASCONCELOS, o capítulo "As funções da carnavalização na literatura”, inserida no livro "A Poética carnavalizada de Augusto dos Anjos". São Paulo, Editora Annablume, 1996, pp.29-50.Também Jorge SCHWARTZ, em "Um texto carnavalizado". In: Vanguarda e cosmopolitismo. São Paulo: Editora Perspectiva (Estudos 82),, 1983, pp.117-152, pode ajudar a pesquisa desta temática.