Eis a trágica e cómica súmula, em 2005, da actual sociedade de "mestres" onde, sem outro recurso, me integro, enquanto cinco bons milhares de odres finórios, entre 10 milhões de aflitos, gozam que se fartam.
Dói-me a alma a valer
E a consciência também
Por nada poder fazer...
Ó minha mãe... Minha mãe!...
EM NOME DE JOANA
À ENTRADA DO TRIBUNAL...
A infortunada menina que se diluiu no vazio da nossa estupefacção, pesa toneladas de má consciência na cabeça de todos aqueles que, ganhando a sua vida no ofício de protecção à infância, estão menos atentos ao delicado trabalho que têm entre mãos. Mais: Joana constitui sobretudo um exemplo dominante que transbordou da taça do "deixa-andar" e da nefasta incompetência dos que sendo técnicos de algo não têm técnica alguma e espírito de missão bastante para prevenir sem nesga para falhas a evidência que nos grita e assombra.
Das crianças que assim sucumbem para os jovens que mais adiante serão adultos, agora, sem perpasse pelo serviço militar obrigatório, que lhes limava as arestas dos maus hábitos domésticos, a interrogação é preocupante: como será Portugal em civilidade ao dealbar da próxima década?
Em lugar de se aperfeiçoar a métrica ao soneto, preferiu-se emendar-lhe o sentido, como de resto se está irresponsavelmente fazendo em toda a nossa "poesia". Por consequência, quem doravante será capaz de bem e tranquilamente recitar tanta incúria?