O título deste artigo, entre aspas, li-o há momentos no mais prestigiado matunino português, espécie de slogan de protesto, evocado por um grupo de jovens militantes do PMDB, defronte à comitiva do presidente do Brasil, que se deslocou ao Rio de Janeiro para lançar o programa de modernização e expansão da frota da Petrobrás Transporte.
A notícia refere que o prefeito de Niterói, Godofredo Pinto, e o próprio Lula, entre outras "individualidades", fizeram ouvidos moucos ao insultuoso vexame, desvalorizando a ocorrência.
Logo adiante, na cerimónia de abertura do evento e em discurso para as gentes da bela fatiota, Godofredo lembrou que Lula foi metalúrgico, aplaudindo o seu empenho em desenvolver a indústria naval brasileira.
Ontem, no noticiário televisivo, ao cair da noite, ouvi algo sobre a tremenda seca que impera na Amazónia. Os rios vão sem água e as grandes lagoas mostram a nu os seus leitos. Daqui, desde logo forçosamente me obrigo a cogitar, interrogando-me: que diacho, para quererá Lula grandes navios se sequer os pequenos barcos podem navegar, isolando uns quantos milhões de vidas da população brasileira?
Se os factos e a correspondente dedução são verdadeiras, algo de muito mais grave, muito pior do que os "mensalões" todos juntos, está acontecendo no Brasil.
Apre, se eu fosse presidente de qualquer coisa e de caras me chamassem "ladrão" - que não sou deveras - como o mimoseio veio da parte de uma centena de jovens, nessa dada rua, pelo menos durante um mês, haveria limpeza e higiene até se poder comer no chão.
Por consequência, com Lula, que é presidente do Brasil e não precisa de roubar coisa alguma, surpreende-me que finja que não ouve semelhante insulto e siga adiante com a cambada de acólitos que não moureja nem sofre na pele o dia a dia brasileiro.
" - Lula, ladrão... Devolva o mensalão".
Bem, meninos, se o presidente nada roubou, como vai ele devolver o que não tem?... Tomem lá um navio e vão passear...
António Torre da Guia |