Dr. Edevaldo V. Gomes Beato
Hoje gostaria de escrever sobre a importância de sermos pessoas bem humoradas, mas depois de uma conversa com algumas pessoas mudei radicalmente o tema e numa outra ocasião volto a tocar nessa virtude que é o bom humor.
É comum que, numa conversa de amigos, escutemos as seguintes frases: “O importante é você escolher a religião em que se sinta bem”. Ou: também, estive em tal igreja e me senti tão bem que acabei mudando de religião ou ainda: não gosto de fulano e do padre tal e mudei de religião.
O que revelam atitudes desse tipo? Mostram que se tende a considerar a opção religiosa como uma questão sentimental. Por isso, surgem tantas e muitas ditas novas crenças e seitas, tende-se a construí-las sobre bases meramente afetivas: busca ansiosa de consolos, disposições genéricas de amor ao próximo, juras indefinidas de amor à natureza, enlevo à base de músicas envolventes e palavrório adocicado. Isto me fez lembrar do saudoso Padre Modesti que dizia: “Cristãos de meia pataca”.
Mas o sentimento é essencialmente objetivo, enquanto a religião é objetiva. A fé trata de questões objetivas, que não podem ser consideradas apenas sentimentalmente.
Muitas vezes nos questionam sobre o que achamos disto ou daquilo, e, para não nos comprometermos, damos a seguinte resposta: não acredito, mas também não duvido. Resposta mais ambígua é ficar em cima do muro, é na verdade não acreditar naquilo que se vive. Será que as pessoas ficam com medo que lhes aconteça algum mal se der uma resposta franca e aberta condizente com a sua fé e a vida que leva? É como se ao caminharmos nos deparássemos com um trabalho de umbanda e déssemos a volta com medo de passarmos por cima ou ao lado. Para um cristão isto é uma falta de coerência com a sua fé.
“O cristão não pode acreditar
em espiritismo e achar que
algo de mal vai lhe acontecer...”
Dentro da própria Igreja Católica, não podemos escolher as verdades de acordo com o gosto próprio. “Concordo com a condenação ao aborto, mas não concordo com o casamento indissolúvel... Gosto do quarto mandamento, mas não gosto do sexto... Acho válido rezar a missa, mas não acho justa a obrigatoriedade da missa dominical...”. As verdades de fé, confiadas à guarda e ao magistério da Igreja foram-nos deixadas integralmente pelo próprio Jesus Cristo e seria um orgulho enorme julgar-se superior a Ele a ponto de querer mudar o que ele estabeleceu. É preciso ter idéias claras e bem estruturadas na cabeça, separando o que faz parte do tesouro doutrinal deixado por Jesus Cristo à sua Igreja, que é divino e imutável, daquilo que são as nossas opiniões pessoais, falíveis e mutáveis.
Por isso, é absolutamente necessário estudar seriamente a doutrina católica. Não é suficiente o conhecimento genérico e confuso que vem da educação familiar que nos colocaram no bom caminho. É preciso mais... Temos que nos aprofundar na doutrina, se não tivermos argumentos para deixar bem claro porque somos católicos, acabaremos também por nos transferir para uma outra doutrina, e pior ainda, vivemos aquilo que não acreditamos.
O cristão não pode ter medo de passar embaixo de escada, cruzar com gato preto, quebrar um espelho e achar com isso que vai ter 7 anos de azar, falar que não acredita em espiritismo, umbanda etc. e achar que algo de mal vai lhe acontecer, temos que ser firmes e coerentes com a nossa fé.
Dr. Edevaldo V. Gomes Beato,
Médico Ortopedista – Traumatologista,
é colunista do jornal “Nossa Igreja Católica”.