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Artigos-->COVARDES, CORAJOSOS E IGNORANTES... -- 07/11/2005 - 11:32 (Jeovah de Moura Nunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos






COVARDES, CORAJOSOS E IGNORANTES...







As brigas isoladas e os confrontos em massa dos aficionados em futebol estão aos poucos, mostrando a verdadeira face do brasileiro. Nós somos um povo acostumado a dizer que não discutimos futebol, religião e política. É, parece que realmente não discutimos, partimos para a ignorância da violência. E isto é muito próprio de um povo deseducado. Verdade. Tem muita gente também na Europa com esses mesmos sintomas: o da deseducação. Ou, melhor dizendo: são educados para serem deseducados, principalmente no meio da massa. E isto desde os tempos nazistas e fascistas de 1933. Os jovens alemães de Hitler sentiam sua força sobre-humana, quando estavam reunidos numa grande massa, apupando e gritando vivas ao príncipe das trevas: Adolf Hitler. Este sentia sua força que vinha da massa e prometia o Reich de mil anos, confirmando as palavras de Jesus, no Apocalipse, que a cada mil anos seria solto o demônio das profundezas infernais para conviverem com os homens justos e adaptados ao Evangelho. E tudo isso aconteceu na primeira metade do século passado.



Como todos os demônios os nazistas eram covardes, corajosos e ignorantes. Isto é: eram covardes porque agrediam e matavam pessoas desarmadas e incapacitadas de se defenderem. Eram corajosos, porque nas frentes de batalha a Wehrmacht, (um dos melhores exércitos nazistas) possuía classe no combate. Não matava por impiedade. Matava-se por honra do combate. Tanto é verdade que ao recuar em direção a Alemanha, os soldados da Wehrmacht encontraram os campos de concentração de prisioneiros judeus e de outras nacionalidades. Viram a crueldade dos carrascos das SS e passaram a matar seus próprios conterrâneos, pelo fato de serem covardes e não lutarem em igualdade de condições. Mas, todos eram ignorantes porque não quiseram questionar o nazismo, nem sequer refletiram sobre o que se abateu sobre toda a Alemanha.



O escritor russo Nicolai Tolstoy escreve: “todo tipo de desajustamentos pessoais e sociais levaram a geração perturbada a projetar suas neuroses numa utopia proletária perfeita. Os cataclismos da Grande Guerra e da Revolução Russa, o afrouxamento dos tradicionais laços sociais e familiares, e o assalto às crenças instintivas mais prezadas pelo homem, motivadas pelas teorias de Darwin, Marx, Freud e Frazer – tudo isso teve um efeito profundo na geração que sobreviveu à Grande Guerra. Num mundo onde todos os pontos de referência tradicionais desapareciam, o povo sofria a sensação de abandono e privação. Era inevitável que muitos, especialmente os jovens e os que pertenciam à classe média, fossem levados por essa alienação a caminhos de sadismo maldisfarçado. Michael Grant notou a similaridade da situação da Europa no começo do século XX com a do Império Romano em decadência, enquanto as antigas cidades-Estado desmoronavam e eram absorvidas:



“...a solidão indefesa do indivíduo, resultante dessa situação, provocava um ‘colapso de coragem’ generalizado. No vasto mundo romano, esses sintomas se acentuaram, tornando-se permanente e onipresentes. Milhões de pessoas sentiam-se descolocadas, sem apoio, esquecidas, perdidas – e acima de tudo, entendiadas. O mergulho na religião foi uma reação compensadora. Mas a outra foi a imersão no sadismo sanguinário””



Em nosso país acontece o mesmo com a agravante de estarem trilhando o caminho da violência inútil. Existe violência útil? Se formos analisar pelo lado em que a paz traz todo um processo de melhorias sociais, aí sim a violência não teria razão de ser, num interregno de evolução. Mas, o que acontece em nosso país é que a paz não traz nada de progresso para toda uma classe social desamparada, e vivendo ao Deus-dará. E aqueles que tem a coragem de lutar, lutam por uma coisa inútil, como, por exemplo, um time de futebol.



Por que não lutar contra as injustiças sociais que nos rodeiam em toda parte? Respondo: por que são covardes! Dentro dessa covardia o cara vai brigar violentamente por uma causa absurda, sem nexo, sem plexo: o time de futebol de sua preferência. E quando digo lutar, refiro-me à luta digna, combatendo o bom combate, como neste momento faço eu. Onde está a minha violência? Não há nenhuma violência nestas linhas. Há apenas o chamamento dessa gente ignorante para uma luta mais honrada. Se eles têm tanta energia assim para lutar, por que não luta por uma boa causa? Ah! – vão dizer: não gosto de política. Ora, mas gosta de futebol, algo que existe para o lazer e não para a violência. Quem gosta de futebol, aprecia também e muito a política, posto que não existe lugar tão politiqueiro como o futebol. Principalmente o futebol brasileiro todo corrompido, desde a sua origem.





Jeovah de Moura Nunes



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