Quando eu era jovem, muito mais jovem do que ainda sou hoje, vivia em desacordo com meus sonhos, mas os meus olhos sempre atentos permaneciam fixando o horizonte, nunca tentei adequar a minha vida a modelos e por isso cheguei longe...e graças ao fogo do meu querer e as asas da minha imaginação, amanhã ainda chegarei até onde nem meus sonhos mais felizes jamais poderiam imaginar.
Se por ventura ou por alguma sandice algum homem tivesse inventado um piano de teclas desiguais, destas queria ser a menor, mas a de som mais potente. Se nos céus houvesse nuvens de todos os tamanhos eu queria ser a menor, do tamanho de um punho cerrado, e mesmo assim seria capaz de chover rios, rios tão caudalosos que seriam capazes de cruzar o deserto em direção ao mar, todos os meus sonhos têm vista para o mar.
Se Deus tivesse inventado um mundo de homens gigantes eu queria ser o mais miúdo dentre eles, tão mínimo que eles estariam sempre pisando em mim...e mesmo assim eu seria maior do que os centímetros que medem, porque a força de mil sóis e todas as luas do universo brilhariam nos meus olhos cegos.
Quando for velho, muito mais velho do que sou hoje, eu saberei de coisas que não queria saber, terei perdido minha juventude, minhas vontades e meus desejos, minha vida terá mudado em muitos sentidos, os dias terão deixado de ser novidade para serem sempre vésperas, ainda serei como um farol que brilha a noite, pois sempre saberei sair de mim, pois sempre soube escapar dos infortúnios dos destinos, dos desatinos do tempo e das armadilhas que eu mesmo me armei.
Andre Luis Aquino
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