Na vida das nuvens os sorrisos são lágrimas e a chuva a única forma delas sorrirem ,razão máxima do seu existir, seus amores tem sete vidas e seus sonhos de todas as cores são feitos de um fogo que nunca se apaga.
Voando pelos céus elas conheceram uma flor solitária, a única flor que brotou na areia fina e seca do Saara, a rosa do deserto, vermelha como o sangue das veias, sobrevivendo sob a lua fria que brilha branca, resistindo ao sol a pino que cintila ali adiante na varanda secando as roupas nos varais.
As nuvens passaram e eu fiquei, elas assim desfilando no céu sem ninguém perceber são a mesma coisa que deixar flores no túmulo dos mortos, as nuvens me ajudam a negociar com a minha própria dor, porque são efêmeras em nossas alças de mira, mas donas da eternidade em seu branco que salpica o céu por toda parte.
O tempo vai se decantando aos poucos no tic-tac das nossas horas e olhar para as nuvens me faz pensar que não existe para Deus uma hierarquia de almas, somos todos iguais, pretos ou brancos, cristão ou não-cristão , Deus não cria os furacões com seu sopro, não inicia terremotos com seus passos e tão pouco cria as nuvens para choverem aos cântaros, há muita coisa na vida que é não é criada e sim fortuita, há aspectos randômicos e outros destinados, eventos aleatórios e outros combinados, nem sempre é possível se separar o joio do trigo.
Andre Luis Aquino
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