Aqui, neste dito paraíso à beira mar plantado, consoante a nefasta gripe das aves vai ficando corriqueiramente aceite, após o pânico que gerou, surge um outro perigoso flagelo:
Frigoríficos e queijos dão acoite a bactéria mortal.
Ouvi, vi as imagens em exemplo, li alguma coisa, e agora, sempre que abro o frigorífico, sinto de imediato a bactéria do gelo a enregelar-me o cérebro.
A "listeria", a tal bactéria, contamina o ser humano por via alimentar desde os anos 80 e mata um em cada três doentes infectados. Em Portugal não há registo da sua incidência ou casos de morte publicamente anunciados. Refere-se que os produtos lácteos estão entre os alimentos mais sensíveis ao apetite do microscópico bichinho letal.
Queijos não pasteurizados, produtos de charcuteria e refeições prontas a comer, são os alimentos mais contaminados pela "listeria", uma bactéria assaz mortal para 33% das pessoas que infecta. A incidência em indivíduos saudáveis é extremamente baixa, mas assume delicada gravidade nas pessoas imunodeprimidas, tais como doentes com sida-aids, transplantados, idosos e récem-nascidos.
Uma investigadora esclarece que "não há manifestação da doença na mulher grávida, mas sim na criança que vai nascer". Em consequência, na maior parte dos casos dão-se abortos espontâneos, ou, nos récem-nados infectados, metade acaba por falecer nos primeiros dias; os que sobrevivem, ficam com sequelas neurológicas graves, como meningites e encefalites para o resto da vida.
Os prezados leitores, se porventura colocarem o vocábulo "listeria" no motor de busca da google.com, encontrarão abundante informação em inglês, francês e espanhol.
Como é sempre muito melhor prevenir do que remediar, antes que alguém seja apanhado distraído e depois se surpreenda até ficar com os cabelos em pé, será eficazmente azado passar-se com frequência a pente fino as geladeiras e electrodomésticos similares, tendo o máximo cuidado com o uso e conservação dos produtos onde a "listeria" é propensa a fazer ninho.
Quanto ao exposto, por uma outra via surpreendente, sou gato escaldado com mágoa flamejante no coração.
António Torre da Guia |