A microserie “Hoje é dia de Maria” que está sendo exibida pela Rede Globo tem uma linguagem muito bem elaborada utilizando-se de recursos pouco usuais para nós telespectadores brasileiros não tão afeitos aos musicais.
As concepções infantis são claramente influenciadas por colagens de pequenas fábulas salpicadas com elementos “caipiras” reforçados pela forma como a protagonista Maria fala e a narradora conduz a estória, a complexidade que a fábula sustenta não subjuga em momento nenhum a capacidade de nossas crianças, aliás acho até que a série está mais para adultos do que para crianças pelo seu clima sombrio e de conflitos existenciais.
Os cenários e figurinos são impecáveis e conferem a teatralização da estória um ar de sonho imaginário e fantástico que povoa a cabeça de adultos e crianças, a ingenuidade de Maria contrasta o tempo todo com a crueldade do mundo cão, a maldade está o tempo todo tentando destruir a pureza de Maria.
A tristeza e as dificuldades vão sendo colocadas sem dó através do roteiro no caminho de Maria, os personagens que contracenam com ela tem sempre uma lição para ensinar ou dar um novo rumo à sua jornada, a pequena está em busca de algo muito importante na sua existência e o sofrimento e as provações pelas quais está passando certamente lhe servirão de lição e vão dar um valor ainda maior a sua vindoura recompensa.Hoje em dias os pais recompensam os filhos com presentes, como se quisessem suprir através do material o que não podem ou não sabem dar com o sentimental.
A infância para muitos de nós é a melhor fase da vida, porém diferente do que muitos pensam o fato dela ter sido feliz não a isenta de ter em si percalços tão dolorosos e complicados quanto os que temos na vida adulta.