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Artigos-->SÃO GONÇALO DO AMARANTE -- 21/12/2005 - 18:26 () Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


(Dedicado ao folclorista Ulisses Passarelli, membro do IHG de São João del-Rei/MG, que em 09 de março de 2003 provocou-nos acerca da necessidade de se cuidar da restauração da Igreja de São Gonçalo do Amarante).



Creio que para os são-joanenses, povo de alma eminentemente católica, seria motivo de satisfação que os distritos de São João del-Rei recuperassem os seus topônimos relacionados com a nossa religiosidade. Se já temos São Miguel do Cajuru, São Sebastião da Vitória e São Gonçalo do Amarante, falta-nos ainda recuperar o topônimo Santo Antônio do Rio das Mortes (reduzido para Rio das Mortes) e o antigo São Francisco do Onça (atual Emboabas). É importante registrar que o topônimo São Gonçalo do Amarante, para manter a tradição, poderia ter sido recuperado de “Caburu” para São Gonçalo do Brumado (conforme nos ensinou o saudoso Sebastião de Oliveira Cintra).

Segundo Ulisses Passarelli, em artigo intitulado “Notas sobre o Distrito de São Gonçalo do Amarante” (Revista do IHG de S. João del-Rei/MG - vol.X - p.87-125, ano 2002), “São Gonçalo do Brumado é topônimo setecentista, ligado ao riacho que passa próximo. Em 07 de setembro de 1923 foi alterado para Caburu, pela lei nº 843”. É “termo do nheengatu: caá (mato) + mburu (maldito)” ou poderia, ainda, “provir de cab (vespa, marimbondo) + uru (cesto, recipiente), ou seja, cesto de himenópteros (vespídeos), caixa de marimbondos, vespeiro. A resolução nº 1081 da Câmara Municipal de São João del-Rei, datada de 28 de junho de 1990, alterou o nome do distrito de Caburu para São Gonçalo do Amarante”. São Gonçalo é topônimo que homenageia o santo violeiro “falecido em 1259 e canonizado em 1561. Festejado a 28 de janeiro, iconograficamente tem duas formas: como sacerdote (de cajado e Bíblia à mão) e como violeiro. No primeiro caso, de batina e chapéu eclesiástico ou então de hábito talar dominicano; no segundo, como camponês lusitano, empunhando viola”.

O povo do distrito tem como referência a sua antiga igreja, dedicada a São Gonçalo e que, segundo informações orais, foi erigida antes de 1732, o que coincide com o uso do sistema construtivo em taipa de pilão, arquitetura trazida pelos paulistas para Minas Gerais. A estrutura do templo foi mantida praticamente inalterada; mesmo sem a complementação das torres, a construção tem proporções interessantes entre os volumes e a grande dimensão de suas paredes. Sofreu pequena alteração em 1939, com a demolição do campanário localizado junto ao adro e a conseqüente transferência do sino para uma janela lateral da fachada; por volta deste período foi desativado o cemitério que ocupava o terreno fronteiriço à igreja.

Discussão toponímica, histórica e arquitetônica à parte, o distrito de São Gonçalo do Amarante estava em festa no dia 18 de dezembro, ocasião em que foi entregue a primeira etapa das obras de conservação e restauração da igreja local, que contou com recursos da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais, mediante o empreendedorismo do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei (IHG) e o incentivo financeiro das empresas ACESITA S.A. e MAGNESITA S.A. No mesmo dia, além da entrega das obras referenciadas, um outro motivo muito alegrou os naturais do Distrito e os visitantes: natural de São Gonçalo do Amarante, o padre Luciano de Oliveira Paula, ordenado em S. Paulo no dia anterior, celebrou as suas primícias naquela Igreja, onde há anos fora batizado.

É importante lembrar que todo este processo teve seu início em 2003, quando numa das reuniões do IHG o confrade Ulisses Passarelli que já estava pesquisando cultura popular no distrito, alertou a presidência da entidade para o estado delicado em que se encontrava a Igreja de São Gonçalo do Amarante, lançando ali um estrondoso brado em favor da sua proteção, restauração e preservação. Assim, após o IHG provocar o tombamento do templo ao Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural, fazia-se necessário também elaborar um projeto que possibilitasse ações efetivas para recuperar aquele patrimônio. Para elaborar o Projeto de Restauração e Conservação foi solicitado o apoio do sócio do IHG e vereador Adenor Simões, que prontamente, com a competência de sempre, responsabilizou-se pelo seu desenvolvimento e posterior acompanhamento perante a Secretaria de Estado da Cultura/Lei Estadual de Incentivo à Cultura. Vencida esta etapa, Adenor viabilizou a captação dos recursos necessários para a obra junto às empresas Acesita e Magnesita, com o apoio do Governo do Estado de Minas Gerais. Assim, estava traçado um plano que possibilitaria que a mais de bicentenária relação afetiva dos moradores do antigo Caburu com a Igreja de São Gonçalo do Amarante permanecesse intacta.

Para que se faça justiça, é necessário lembrar que a manutenção daquele templo já vinha sendo feita pelo povo do distrito, ainda que com dificuldades de toda sorte, através da Associação dos Amigos e Moradores de São Gonçalo do Amarante e da Paróquia de São José Operário (do Bairro do Tijuco, em São João del-Rei), graças à operosidade e sensibilidade do monsenhor Juvenal Vaz Guimarães. Felizmente, essas reformas de grande validade não permitiram que o templo ficasse mais danificado ou ruísse de vez.

Com os recursos garantidos, entre agosto e dezembro de 2005 foram executadas as restaurações do retábulo-mor, do piso do altar, a pintura interna da nave e capela-mor, a renovação das instalações elétricas, luminotécnica e alarme, revisão da cobertura, da escada de acesso ao coro e das esquadrias da fachada. Durante os trabalhos de restauração foi possível identificar, no camarim do altar mor, um recorte de madeira decorado com anjos e elementos arquitetônicos, provavelmente remanescente da primeira metade do século XVIII . Como a decoração interna da igreja é em estilo rococó, pode-se aventar que o recorte seja um fragmento do primitivo retábulo então ali existente e que ora (re)descoberto valoriza ainda mais o acervo daquele templo. Acompanhou tecnicamente todas as etapas do projeto e da obra a arquiteta dra. Deise Lustosa.

Passada esta etapa preliminar, deverão ser continuadas as obras; já estão sendo planejados os serviços de conservação e restauração dos retábulos colaterais, do arco-cruzeiro e dos púlpitos, além da reconstrução do campanário, o tratamento do adro, a complementação da restauração das esquadrias, a pintura externa e recuperação dos anexos.

Com mais este empreendimento o Instituto Histórico e Geográfico acredita que além de colaborar no sentido de preservar um importante registro da arquitetura religiosa que compõe a nossa rica memória rural e distrital, colaborou também no sentido de que as comemorações dos 300 anos do Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar (1704-1705) e o aniversário de 292 anos da Vila de São João del-Rei (1713) não passassem sem registro fiéis. Que no ano de 2013, quando São João del-Rei comemorará os seus 300 anos de elevação à Vila, possamos estar aptos a apresentar mais alguma ação concreta em benefício da nossa memória!

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