E continuam as mentiras sobre o nosso grande crescimento econômico. O presidente Lula, assim como outros presidentes do passado também, sempre bateram nessa tecla de um crescimento gigantesco do Brasil, e no final descobriu-se que o crescimento era falso, ou na melhor das hipóteses só os ricos cresceram. E os ricos crescendo significa basicamente o crescimento da pobreza, porque é evidente que a riqueza dos ricos aumenta na medida em que a pobreza dos pobres é espoliada. A imprensa já deu a notícia: o Brasil cresceu em 2005 um pouquinho mais do que o Haiti e mais outros dois países insignificantes no conceito da economia mundial. E o governo faz festa com relação a isso. Ora, o Haiti é um dos países mais miseráveis das Américas. A diferença entre o Brasil e esse país é o tamanho. O Brasil só pelo tamanho deveria ter crescido assustadoramente mais do que o Haiti. E as notícias não dizem assim. Dizem apenas que crescemos um pouco mais do que Haiti. Ora, ora, vergonha é pra quem tem, não para quem quer. E parece que em termos internacionais já perdemos há muito tempo à vergonha, em razão da excessiva falta de patriotismo. O único patriotismo que temos é no dia em que a seleção brasileira vai jogar. Enrolamo-nos numa bandeira brasileira e gritamos apaixonadamente o nome de nosso país. Claro, tudo balela. Falso patriotismo. Ou patriotismo para estrangeiro ver. Se realmente precisássemos defender o solo brasileiro a gente veria milhões de caboclos desaparecendo pelas matas e por tudo quanto é canto com receio de ir para a guerra. E isto já aconteceu no passado. Não eram milhões, mas eram milhares. Pessoas que cortaram dedos e até pernas para não ira à guerra. Muito diferente da Hungria em 1968, quando a União Soviética invadiu aquele país. Budapest, a capital foi cenário de atos heróicos da juventude. Mocinhas e rapazes de dezoito anos enchiam as mochilas e os bolsos de granadas e as detonavam quando adentravam em lugares onde estavam os soviéticos, matando-os e deixando muitos feridos. No Iraque, atualmente, vemos os sinais de verdadeira coragem do ser humano na defesa do solo sagrado de sua pátria. Iraquianos amarram dezenas de quilos de bombas em seu corpo e literalmente explodem em ambientes que estejam os inimigos, ou os amigos dos inimigos. Nós, brasileiros não temos essa coragem dinâmica. Temos coragem sim de matar o próprio irmão brasileiro, em assaltos, roubos, estupros e estamos na vanguarda da matança de gente, simplesmente para o puro extermínio. E matamos também por causa de banalidades, como, por exemplo, o futebol. Enfim, a idiotia e não as grandes questões que sacodem o mundo, com relação ao desenvolvimento dos níveis sociais bem como o amor à pátria, ou ao seu povo e ambiente em que vive, é que faz o brasileiro ter coragem de lutar e matar. Mata à-toa, assim como vive à-toa. Bem por isso, os ricos se satisfazem em explorar ao máximo um povo assim.
Terminei um romance sobre a escravidão, um livro de quase quinhentas páginas, o qual foi escrito para mudar um pouco a lengalenga sobre a “Escrava Isaura”, que eu ouvia falar quando eu só dizia mamá, isto é, ainda era um bebê com uma cabeça maior do que o corpo, segundo dizia minha mãe. E também porque todas as histórias e a própria História sobre a escravidão sempre foi mentirosa, quando se alude aos maus-tratos praticados contra os negros cativos. No final do livro quando encerro o assunto sobre a principal personagem, coloquei os seguintes comentários:
“Um ano, seis meses e dois dias após a extinção da escravidão, a República foi proclamada, através de um golpe militar que derrubou a monarquia.
A partir deste momento as transformações sociais importantes cessaram. O Brasil nunca mais mudou para melhor do que estava. O “status” social continua quase o mesmo, apesar do enorme progresso tecnológico que não é apenas brasileiro, é mundial. A escravidão continua de maneira subterrânea. O racismo persiste. O salário mínimo é a imagem contundente da má distribuição de renda. A educação dos menos favorecidos está em frangalhos. A desmoralização através da comunicação televisiva leva a sociedade para os descaminhos da vergonha pública. Os nossos políticos carregam nas costas a pecha de grandes larápios, mesmo alguns deles sendo honestos não podem mais atingir o avesso dessa marca registrada. A República tem ares de monarquia, com seus desfiles de reis a cada quatro ou oito anos e com a família do político instalada também no poder, exercendo o nepotismo que a Republica repudia. No mundo, é claro. No Brasil o nepotismo é aceito pelo próprio povo. A Justiça não passa de um arremedo da justiça romana, com seu portal inacessível e irredutível, incapaz de realmente fazer justiça, dando a nítida idéia de que o crime compensa no Brasil. A saúde pública dá o atestado de iniqüidade da República, que pouco ou nada faz para melhorar. A violência criminosa cresce assustadoramente, dando mostras claras de ser não atos isolados, mas uma guerra sem quartel.
E o pior de tudo isso é que não temos mais o espírito das heroínas do passado. Estão todas mortas e enterradas, sem nenhuma lembrança. Sem nem mesmo sabermos que existiram.
E os heróis que morreram pelo Brasil?
Diante desse quadro angustioso parece que eles morreram em vão. Melhor dizendo: parece que nós nunca fomos dignos deles, porque nunca fizemos por merecer a Pátria que deles herdamos”.
Sei que muitos não irão gostar dessas verdades. Pouco estou me lixando para os alienados da vida, porque sei que é por causa de gente assim que o Brasil afunda na iniqüidade de nossas falsas esperanças. Não se pode ter um grande país quando seus líderes não passam de ladrões e corruptos, que amam mais o dinheiro público do que o país em que nasceram. Isto deveria ser passível de pena de morte, ou prisão perpétua, porque significa traição ao país, ou ao povo do país. Mas, isto não acontece no Brasil. Pelo contrário os ladrões e safados são tachados pelo povo como heróis e grande personalidade e acabam retornando ao poder e roubando ainda mais do que roubaram antes e isto de todos nós, gozando e rindo de nossas caras de otários e palhaços.
Um soldado americano violentamente ferido e recém-chegado do Iraque sofrera várias intervenções cirúrgicas pelo corpo. Mais de sessenta. Não tinha braços, nem pernas. Uma bomba deixou-o como um toco, sem movimentos. Apenas a boca podia se movimentar e a benção da comunicação também. Sendo levado de maca pelos corredores de um hospital nos EUA, ele foi abordado pela imprensa. As únicas palavras daquele soldado foram ditas com ênfase ao jornalista:
-I love my country! I love my country! I love my country!
(-Eu amo meu país! Eu amo meu país! Eu amo meu país!)
A lição é a de que o americano ama mesmo seu país, a ponto de dar a vida pela pátria. Por que? Porque lá a pátria, ou seja, os EUA também amam seus filhos. E como amam? Amam dando oportunidades melhores. Tendo leis duras para quem as infringe. Liberdade de pensamento, juntamente com a liberdade física. Condições de vida que abrange a saúde, a educação e o direito eficiente de moradia. Têm pobres? Têm muitos pobres. Mas, os pobres nos Estados Unidos, mesmo os pobres passam muito bem. Não vivem como os brasileiros ao Deus dará. Tanto que têm mais de um milhão de brasileiros morando lá. Alguns vão muito mal, porque evidentemente as leis funcionam por lá. E quem estiver na condição de “ilegal” sofrerá as penas da lei.
Agora, pergunte-se a um brasileiro qualquer se ele daria a vida pela pátria. Ele pode até dizer mentirosamente que sim, mas garanto que na hora do pega pra capar sairá correndo como um coelho assustado. Isto eu sei porque servi o Exército Brasileiro e vi por lá até capitães assustados e medrosos quando o presidente Castello Branco mandou invadir a cidade de Goiânia, no intuito de retirar um comunista no poder.
É pessoal, pense bem e faça um retrospecto de sua vida. Será que você ama mesmo o Brasil? Ou tudo não passa de uma grande farsa na sua vida, esta pátria em que você vive.
Faço esses questionamentos porque são basicamente os assuntos de meu próximo livro, um romance, a ser publicado até o fim deste ano.