Considerados credíveis - entre 10 milhões de "portugueses-às-vezes" e nos cerca de 90.000 km2 que restam ainda incólumes em lusitana propriedade, desiderato físico que em exclusivo se deve ao que D.Afonso Henriques e seus sucessivos pares tenazmente esmirraram - eis, da esquerda para a direita na foto, os seis candidatos à presidência da República, cuja escritura ainda não foi vendida porque também não apareceu à vista desarmada quem deveras a quisesse de vez licitar: PAINEL DE CANDIDATOS

Cavaco Silva - Professor
Francisco Louçã - Dirigente partidário
Jerónimo de Sousa - Ex-Operário
Mário Soares - Político
Manuel Alegre - Poeta
Garcia Pereira - Advogado
Quem por cá tem andado de olhos pelo menos semi-abertos e seguiu o mínimo vertente através de jornais, revistas e blá-blá televisivo, sabe e consabe que Cavaco Silva e Garcia Pereira, independentemente de pendores políticos, são pessoas de currículo limpo que, além da sujeira política onde intentam desempoeirar alguns recantos, têm sobrevivido de seu labor e empenho profissionais e a isso estão atidos com respeitável dignidade.
Os outros, bem, os outros, estão sob névoa política que tende a colocar em incontornável suspeição a intencionalidade que os coloca em candidatura, distinguindo-se Mário Soares, que toda a gente sabe tratar-se de um aldrabão que nunca mais acaba, mas que, felizmente e para bem do país, está quase acabar. Tratou-se de uma legítima aberração lusitana que, num ápice e para seu exclusivo proveito, entregou ao deus-dará milhões de km2 e de portugueses, sendo hoje o lídimo e orgulhoso responsável pela mergulhante situação que Portugal atravessa, bem como pela aflitiva desgraça em que soçobram os países lusófonos em África. Foi tão-só um poio de massa encefálica que abruptamente caiu sobre os abrilinos cravos, reduzindo-os a inservis resíduos de latrina.
Quanto ao trio que falta apreciar, Louçã (Soares tem por ele particular simpatia) faz-me rir antes de começar o riso, Jerónimo faz-me coçar antes de começar a coçeira e Alegre (desavindo com Soares, as comadres zangaram-se, mas a "paródia" deve ser tanta que se engasgaram mutuamente) dá-me vontade de urinar mesmo com a bexiga vazia.
Contudo, segundo a tendência e a não ser que a estupidez tenha prodigiosa força a renovar-se, é de acreditar que o eleitorado sensato - aquele que sabe com plausibilidade aguardar os efeitos - no próximo dia 22, escolha num só lance o prof. Cavaco para seu presidente. Em princípio não teremos mais nada no imediato, mas no mínimo lograremos desde logo dignidade social e alguma tranquílidade na solarenga frincha que se entreabrirá. Daí, dada a inquistada corrupção que se instalou nas nossas mais fulcrais instituíções (políticos a viver em grande fantochada e os outros a chupar no dedo cheio de calo), o motivo porque o quarteto de candidatos de "esquerda-logo-depois-direita" têm passado toda a campamha a conspurcar politicamente a figura de um homem íntegro e à prova de qualquer esconso fogo. Tem sido de vómito a indignar quem bem deslinde o porquê de tanta aflição dejectiva entre montões de dejectos políticos descaramente acumulados na praça pública.
Por mim, se Cavaco Silva não for eleito e com ele reimplantada a esperança em valores sérios e lícitos, terei de limar as unhas quanto possível para passar mais alguns anos, sem dúvida os derradeiros, a arranhar o melhor que puder os obstáculos que não cessam de levantar-se, porque imperioso é sobreviver sem irracionais impulsos naufrágicos.
E se não é tal e qual, pior será ainda por meu mal...
António Torre da Guia |