Impolida e valente asneira... Não aprecio de todo que me mexam nas horas, e logo nas 24, tanto mais se o mexerico não for deveras polido. Polido não se escreve com "pu". Vasco, sem "gama" e segundo o povo, era de facto companheiro. Valente, era o Miguel de Vazconcelos antes da vigésima-quarta hora e não fumava.
De resto, desde sempre se consabe que o povo português votou, nunca em antes, mas sempre depois das eleições: em 1140, em 1385, em 1640, em 1910, em 1926 e em 1974.
Quanto a mim, se bem destrinço a palavra política do efectivo acto que lhe tem sucessivamente correspondido, o povo português tem-se limitado a aprovar a eleição após o escrutínio. Assim foi na "exemplar descolonização", assim ocorreu no "eclipse dos escudos" e assim será pelos vindouros adiante, porque não pode ser de outra maneira.
Por consequência, afirmar-se que Jerónimo, Louçã e Garcia Pereira não foram autênticos candidatos à Presidência da República, que no dia da reflexão eleitoral este texto não poderia ser publicado e que Garcia Pereira, como relíquia, deveria acampar no 24 Horas, revela tão-só quanto fora de horas está uma inteligência, assaz snob, que se proclama encefalicamente democrática.
Torre da Guia / Porto |