Lidar com a figura humana é uma tarefa difícil. Pelos caminhos que passamos no decorrer dos anos, encontramos as mais diversas criaturas e por mais que tenhamos semelhanças comportamentais e às vezes até físicas, nenhum ser é igual a outro. Embora ao fazer esta colocação, não esteja acrescentando absolutamente nada de novo, sinto a necessidade talvez de falar sobre a minha concepção sobre o mundo e as pessoas.
Claro que não rotulo nem tão pouco quero exercer pré julgamentos ou condenar pessoas e atos. O fato de sermos ou não felizes e acreditarmos que temos know-how para falar sobre algum assunto, não significa que temos o dom da palavra para sermos donos das verdades. Pois cada vida segue de forma diferenciada, cada qual com suas crenças, valores, sonhos, famílias, enfim. Se tivesse a capacidade de acertar sempre, certamente não estaria aqui nem tão pouco escrevendo sobre algo tão complexo e que já nem sei até que ponto poderia ousar abordar. Na verdade, acho mesmo que as pessoas nascem com um destino traçado e por mais que tentem mudar o percurso, a única mudança que provocará, será no caminho a ser seguido, o que no final da estrada, levará a um local predestinado.
Assim sendo, as pessoas que um dia irão se encontrar, as vitórias e fracassos, os encontros e desencontros, serão sempre, na minha humilde maneira de interpretar, obras do destino, não do acaso. Pensar assim é ruim, pois nos deixa indagações que jamais serão esclarecidas. Ás vezes, como disse anteriormente, podemos mudar um caminho, mas não podemos escolher com quem ou o que iremos nos deparar, sendo apenas o certo, o resultado final.
As vezes, situações se apresentam diante de nossos olhos e compete a cada um de nós, enxergar como bem quiser, ou como compreendemos estar visualizando, mas isso nada mais é do que reflexo de experiências vividas. É como quem olha o feio e vê o belo e vice versa. Conceito é algo pessoal e individual... quem de nós, nunca ouviu alguém se lamuriar e convincentemente sofreu com o outro? -Quem de nós também não ouviu lamentações e em posição cética, desacreditou, ignorando o sofrimento alheio?
Posso falar de mim, das minhas experiências, da credibilidade que sempre dei ou não a um ser humano, das vezes que pequei por não crer, ou crer com veemência, e dos momentos que deixei assuntos que seriam cruciais no meu futuro passarem desapercebidos, não dando a devida importância. Aí que estabeleço a "mudança do caminho" porque mesmo sendo definido o que encontraria no futuro e quais seriam as conseqüências e estas irreversíveis, já que cheguei a este universo com meu destino traçado, algumas coisas, mesmo que irreversíveis, poderiam ser vividas de outra forma. Quem sabe eu seria ou faria alguém mais feliz? Ou quem sabe colheria mesmo que provisoriamente louros inimagináveis.
De que forma devemos agir diante da vida? -Quem sabe?
O que é realmente certo ou errado? -E se tivéssemos outras posturas em determinados momentos, o que teríamos acrescentado em nossas vidas? -Até que ponto estaríamos agindo da maneira correta?
Estas respostas,jamais teremos. Dedução é uma condição que esta muito distante das certezas... Claro que temos que agir de acordo com as experiências passadas, porém, nada é completamente igual e, com erros e acertos, vamos seguindo para o certeiro fim predestinado.
Acho que tento falar de amarguras, de sentimentos que não gostaria de alimentar, de buscas erradas em momentos que se aparentavam certos. De emoção!
Por mais que usasse o coração, sempre tentei ser sensata e antes de qualquer atitude, opinião, vínculo e ação, buscava priorizar a razão. Em muitos casos, creio que foi pensando assim que me "salvei" de "acidentes" mais graves...Porém, como nada é perfeito, muito menos nós seres vivos, nem sempre (pejorativamente) "humanos" somos passíveis a erros, claro que uns mais graves outros menos devastadores, mas quando nos enganamos, tendo a convicção de estarmos agindo da maneira mais correta, não vislumbrando que dos nossos atos e comportamentos, possam surtir resultados negativos, caímos no mérito:- -O que é que seria certo? -O que é errado? -Aonde errei? --Porque fui tão justa(0) ou injusta(o). -Será que mereci? -Porque comigo? Estes e outros questionamentos chegam a tona atravancando mais uma série de perguntas internas, e estas cada vez mais acirradas se acumulam e seguem adiante, o que normalmente se da sem respostas.
E esta falta de respostas, que muitas vezes chamamos de impotência, injustiça, ingratidão, incapacidade, se não forem pelo menos razoavelmente administradas em nosso interior, acaba aos poucos nos modificando e até mesmo nos enfraquecendo. Há casos, em que por acreditarmos demais em nossas ideologias e visualizando as pessoas como se fossem um todo, iguais a nós em alma e coração, não permitimos estabelecer perfis que não se enquadrem aos nossos pontos de vista. Grande erro!!! Esta é a minha única certeza, pois de fato ninguém é exatamente igual, assim como nossos dedos são cada qual de um tamanho e formato.
No final das contas, agora penso que temos um compromisso moral, antes de mais nada com nossas vidas e este deve ser priorizado. Não podemos mudar o que esta predestinado, no entanto, temos a obrigação de não nos permitir acumular culpas e infelicidades que brotaram de nossos atos, desde que estes foram tomados com o objetivo único de acertar. Se, cada qual é dono de suas próprias condutas e se nos excedemos nos sonhos, na confiabilidade, no respeito, no carinho, na doação, no empenho e estes independiam somente de nós, mas por estarmos "enxergando" apenas aquilo que gostaríamos de ver, acabamos sendo soterrados em um profundo poço, nada mais resta, apenas tentar resgatar o quase nada que restou.
Porque se nos afundarmos em dores e tristezas constantes, procurando respostas que não nos serão dadas, (pelo menos da forma correta, a que merecíamos encontrar) não mais viveremos, apenas tentaremos sobreviver de incertezas, desconfianças e baixa estima. E um fato é concreto, o que terá que ser de cada um de nós, será, mas isso não significa que temos que passar o resto de nossos dias, pensando que viver não vale.
Por maior que seja o fracasso ou mesmo a vitória, nunca podemos nos esquecer que o caminho é adiante e se podemos desviar dos espinhos, evitar atalhos e seguir de cabeça erguida para que não nos percamos em uma bifurcação qualquer, que façamos, escolhendo no entanto o lado da estrada que estiver mais colorido, límpido e cristalino, pois de qualquer forma, mesmo que se mude a rota, a chegada é e foi esperada e se temos a opção, que façamos a mais proveitosa, nem que seja mais demorada e que se caminhe kilometros e kilometros a mais...
Por:- Elizabeth Misciasci
07.05.2005 (5:70 madrugada fria de uma sexta-feira)
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