Assim como em princípio ignorava o que estaria por trás e pela frente do flagelo da "Sida", também agora não descortino o que deveras se me deparará em face do prenúncio que preocupantemente se levanta sobre a "Gripe das aves".
As últimas notícias dão conta que a mortal afectação, muito mais radical do que a "Sida", cada vez mais se vai aproximando do nosso território. Se bem soubermos entender as entre-linhas da informação que os especialistas na matéria vão progressivamente debitando - eles não não devem colocar as populações em pânico - desde já será muitíssimo útil que cuidemos de implantar algum rigor defensivo ao nosso descontraído quotidiano. Não esperemos que a desgraça nos entre em casa sem bater primeiro à porta.
Custe o que custar, durante o período crítico e enquanto as autoridades sanitárias não garantam meios eficazes de prevenção e cura efectiva, teremos de afastar-nos quanto possível das aves vivas e dos ambientes onde seja plausível surgir focos de propagação. Quem tiver o seu galinheirozinho, por muita estima e proveito que usufrua, deve tratar rapidamente de transformá-lo em provisória arrecadação, depois de cuidadosa desinfecção.
Ouvi e li algures, segundo o parecer de reputados conhecedores, que a "gripe das aves" cedo ou tarde irá provocar milhões de mortes.
Em Portugal, é conhecidíssimo o caso de Margarida Martins, quase dez arrobas de senhora então, que, ao iniciar-se, se bateu evangvelicamente para auxiliar os vitimados pela "Sida". Ao cabo de dois ou três anos, quando o negócio dos subsídios e doações se desenvolveu em grande, soube-se que a caridosa criatura usufruía em seu proveito pessoal 3.000 contos mensais. Hoje, a espertalhona da Margarida, que se esconde e evita qualquer publicidade quanto pode, à custa da desgraça de outrem, tornou-se numa esbelta quarentona (quem pagou a desengorda?!), prontinha, numa só noitada, a dar cinco quecas por baixo e dez por cima.
Cuidado pois, quiçá até mais do que com a gripe, com os continuados promotores do flagelo épico, os passarões e as passaronas que vão surgir de braço dado com a morte para governarem lindamente a vida. "Adoro" até ao limite do mais profundo abismo aqueles que exploram a desgraça alheia para se locupletarem com as doações públicas "em nome de". "Adoro-os" tanto que, quando não tenho dúvidas sobre suas sub reptícias intenções, "abraço-me" logo a eles. António Torre da Guia |