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Artigos-->Uma vida inteira = Soneto explicado -- 24/02/2006 - 23:54 (António Torre da Guia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos








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SONETO EXPLICADO

Nasci no Porto a 4 de Junho de 1939, na Rua Dr.Alves da Veiga e fui baptizado na Igreja de Santo Ildefonso.



A 7 de Outubro de 1946 entrei na Escola Primária do Monte Pedral. O director chamava-se Matos e o meu primeiro professor Gaspar.



As recordações que guardo dos meus primeiros amigos juvenis - Varito, Berto, Nando e João (quatro irmãos), Blila e Quim (também irmãos) Amílcar, Lila, Luís, Rodrigo, Jorge e Armindo, remontam a 1950, residia eu então na Rua Sacadura Cabral nº. 30 e reuníamos todos no antigo adro da igreja de Cedofeita, defronte à Faculdade de Farmácia, para brincar ao pilha, às escondidas, aos cow-boys, jogar a bola e sobretudo fugir à polícia, o que dava um emotivo gozo. Ao Amílcar, que estudava na Escola Industrial Infante D.Henrique, muito mais tarde, proporcionei-lhe a ida para França, alojando-o na casa do meu tio Narcizo. Vive hoje em Pontoise e dirige uma empresa de camionagem.



Sempre que nos dava na veneta, fazíamos corridas pedestres de ida e volta até à Foz, com improvisados guiadores feitos de arame, a fingir de bicicletas de corrida a sério. Outras vezes, íamos nadar para o Douro e dar temíveis saltos para o rio do tabuleiro inferior da ponte D.Luís.



Para ser afastado de tão empolgantes brincadeiras, logo que completei a 4ª. classe e passei no exame de admissão aos liceus, os meus pais mudaram-se para a Rua da Boavista e internaram-me no Grande Colégio Universal, que ficava defronte à nova residência. Não têm conta as vezes que fugi do colégio para ir conviver e brincar com os meus dilectos amigos.



Por volta dos 17 anos, instado pelo bis-a-bis que se propalava, entrei no Café Royal e fui convidado por uma prostituta (chamava-se Aurora e era ruiva) a ir para um bafiento quarto de uma das pensões da Rua Cima de Vila. Nas imediações existia também um café idêntico, o Derby. Cativado e fascinado pelas "facilidades" que a partir daí aquele "meio" me facultou, passei a frequentar assiduamente os dois locais. Neste ambiente - de jogo, mulheres, vinho e trapaça - conheci os mais decepcionantes indivíduos que se possa imaginar, espécie de pistoleiros sem pistola que não valiam um caracol.



Aos 21 anos, chamado a cumprir o serviço militar obrigatório, após aprender e experimentar os efeitos "daquilo" que nunca ninguém me tinha ensinado, comecei a fazer a minha vida a sério e, em sequência, emigrei para França, casei, fui pai de duas filhas, transferi-me para Moçambique, retornei a França, divorciei-me e, neste preciso momento, estou e vivo no Porto. Afinal, dei voltas e mais voltas para vir parar ao mesmo sítio. Mais: ali adiante, comigo quase aninhando sob a carga da saudade acumulada, o nada donde vim, pra meu definitivo alívio, cumprirá inexoravelmente seu acto factual.



Sobre a vida, se tenho uma opinião? Oh... Sim, tenho: é um absurdo muito belo que mais se enfeia quanto mais experimentado for. De resto, para os que vão ficando, é terrivelmente penoso perder os entes queridos que ao longo da existência amamos e vamos amando. Tenho a convicta sensação, procure-se ou não, que a vida dá a todos o que tem para dar e a ilusão, antes de desfeita, é o mais magnífico dos trespasses da existência inteligente.



António Torre da Guia



Som = Rui Veloso em "Cavaleiro Andante"



IMAGENS



Central



Igreja Paroquial (nova) de Cedofeita e Igreja Românica (monumento nacional).



Laterais



1. Igreja de Santo Ildefonso - Praça da Batalha

2. Faculdade de Farmácia - defronte à Igreja de Cedofeita

3. Avenida da Boavista, a partir da Foz

4. Ponte D.Luís

5. Café Royal (extinto) - na Rua Chã

6. Entrada da Rua Cimo de Vila - Largo da Rua Chã

7. Vista geral do Porto

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