UMA GUERRA CIVIL ANUNCIADA
O mundo assistiu nos últimos dias no Iraque o princípio de uma guerra civil anunciada. Parte considerável dos países do Oriente Médio, onde convivem xiitas e sunitas e curdos, é um imenso barril de pólvora e só não explode devido ao poder de coação mantido pelo grupo que está no poder. Não importa se o grupo que controla o país seja o majoritário. O que importa é o rígido controle exercido sobre a população, o que faz com que os grupos antagônicos não entrem em confronto. E era isso que acontecia no Iraque até a invasão americana.
Com a derrubada de Sadam Hussein criou-se um vácuo no poder e a sensação de que o país virou uma terra de ninguém. Dessa forma cada grupo se sente no direito de disputar o poder usando de todos os métodos possíveis, principalmente através de atos terroristas. Nem mesmo as eleições realizadas há alguns dias foram capazes de conter a violência, pois os perdedores não aceitaram a derrota.
Os EUA não esperavam por isso. Pensaram que ao derrubar Sadam e formar um novo governo a população aceitaria de bom grado um governo democrático. A coisa, no entanto, não foi bem assim e agora não se sabe onde isso vai parar. Aliás, uma guerra civil parece inevitável.
Fico imaginando o que milhares de iraquianos que tiveram suas vidas dilaceradas na guerra e agora com os atentados pensam da ocupação americana. O que eles não se perguntam? Grande maioria certamente tem saudades daquele período onde não havia democracia, mas pelo menos tinham um lar, suas famílias e principalmente o que comer. Agora com o país destruído, a economia em frangalhos e sem garantia alguma de que amanhã estará vivo, muitos iraquianos se desesperam e acabam por se voltar contra os ocupantes e aqueles que os apóia. É por isso que uma guerra civil me parece inevitável.
Além do mais, não acredito numa saída democrática para por fim ao caos no Iraque. A nossa democracia ocidental não serve para os países do Oriente Médio. Aliás, não serve nem para alguns países ocidentais. A visão que eles têm da democracia é totalmente diferente da nossa. Para eles, vale mais um governo forte, centralizado, capaz de controlar todas as instâncias da sociedade do que um governo baseado no princípio de igualdade. Esse nosso conceito de democracia é um conceito puramente cristão, portanto só serve para países cristãos, não para países mulçumanos como o Iraque. E é aí que está o erro dos americanos. Talvez o maior de todos os seus erros.
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