Falar sobre a mulher é difícil, pois é falar sobre nós mesmas. Estaremos nos auto-homenageando.
Mas, e por que não?
Trazemos por atavismo o peso de milhares de anos de submissão, mas também a alma desprendida através da renúncia, do calor humano e do amor sem medida como mãe!
Fomos criadas com a desigualdade do sexo desde o lar, quando a menina era encarregada do labor doméstico desde cedo; a mesada, quando existente, era menor que a do irmão; no emprego, com a desigualdade infamante de salários, enquanto a carga horária era a mesma e a responsabilidade também.
Considerada ser inferior, sempre nos “bastidores”, servindo, cuidando, cheia de deveres, mas isenta de direitos. Escravizadas por milênios em um mundo feito por homens e para os homens, viram as gerações passarem saídas de seus ventres para as suas mãos, prontas para a modelagem de caráter, recebendo com o leite grande quota de carinho, devotamento, o acompanhamento de seus primeiros passos, o olhar firme e doce mostrando a vida pelo prisma da dignidade, o horizonte para onde se caminhava com a esperança, a segurança, independente de raças, de crenças, de desenvolvimento mental, emocional ou físico.
Foram musas e foram mártires. Lutando com armas ou com doçura e obediência, foram alicerçando valores nas novas gerações com um perfil de honradez e resignação. Através de gerações foram se aperfeiçoando reagindo à submissão, ora pacífica, ora guerreira.
Enquanto o mundo descobria a si mesmo e a vida impunha o aperfeiçoamento natural através do intelecto, foram ganhando respeito, espaço e admiração.
Musas de escritores, poetas, pintores e músicos, também eram mães abnegadas, companheiras fieis e conselheiras. Segurança da união da família formando gerações para as ciências e as artes.
Vencedora na batalha das transações feitas em forma de casamento, prática comum entre as famílias abastadas, quando em nome da fortuna e dos brasões seu coração não tinha vez. Nessa época, negra e sinhá eram ambas escravas.
Com o passar dos tempos, mostraram ao mundo que a força não é encontrada só nos músculos ou no poder, mas na persistência, na resistência e compreensão, resquício da obediência que fez dela a pedra angular da família.
Através dos séculos a mulher tem sido o braço direito do homem. E hoje, com seus direitos conquistados mostram ao mundo a potencialidade de que são portadoras, aliadas à brandura e compreensão de um coração de mãe.
O papel primordial da mulher é propiciar o desenvolvimento do ser humano, material e espiritual, bastando para isso ser mulher e gerar um ser. Através dela, da sua tarefa de gerar filhos, após o primeiro burilamento a humanidade vai se aprimorando.
Contudo, após as conquistas e seu reconhecimento, na ânsia de igualar-se ao homem, a mulher se permitiu os mesmos vícios. Quebrando o “tabu” a que estava ligada, pagava ela o alto preço ao tornar-se um ser humano com seus vícios e valores!