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Artigos-->REPÚBLICA DOS LADRÕES -- 27/03/2006 - 10:42 (Jeovah de Moura Nunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos






A República dos ladrões







Depois de muito tempo calado o ministro da Fazenda Antonio Palocci resolveu dar o ar da graça num discurso solitário, magoado e querendo aparecer como vítima. "Todos nós temos de pagar pelos erros que cometemos" – disse ele esta grande verdade. Só que até agora não quis nem pretende querer pagar pelos seus erros, que são de acordo com as denúncias, muito sérios, ou gravíssimos. Falando para quinhentos empresários, na Câmara Americana de Comércio em São Paulo, Palocci afirmou "que não se pode transformar o debate político numa crise sem fim, numa crítica desenfreada de todas as coisas, numa agressão a vidas pessoais". E, falando devagar, avisou: "Quando chega nisso eu me afasto, fico um tempo distante".



O fato é que o Sr. Palocci não cita, nem dá satisfações às acusações sérias e graves que são feitas contra ele. Se não pode se defender vai ficar devendo à sociedade as respostas das acusações, que não podem ser apenas respostas, mas provas, provas contundentes de que não participou do mensalão da "República de Ribeirão Preto", na época em que era prefeito. Segundo as denúncias, ele recebia mensalmente cinqüenta mil reais como propinas da firma "Leão e Leão", para que esta continuasse permissionária no recolhimento do lixo naquela cidade. Era, ou é ainda prestadora de serviço na área da limpeza pública; recebia o pagamento pelo serviço e repassava R$50.000,00 para o esperto prefeito Palocci dos bons tempos de Ribeirão Preto. E a coisa era tão boa que continuou o mesmo processo em Brasília, quando o caseiro Francenildo Santos Costa, o “Nildo” flagrou o ato impudico, que nós cá embaixo podemos chamar de roubalheira mesmo.



Em tom amargo, Palocci comparou sua vida atual às agruras do Inferno de Dante. "Como é possível?" – perguntou-se – “ter uma economia que começa a voar em céu de brigadeiro e um ministro que está mais para o lado do inferno, ali no terceiro ou quarto círculo do Inferno de Dante?". Referindo-se o ministro à primeira parte da Divina Comédia, do poeta italiano Dante Alighieri, onde o inferno é dividido em nove círculos, cada um pior do que o outro. É evidente que o ministro tem como certo e como trunfo o sucesso dele na melhora da economia. Só que o verdadeiro inferno – que não é de Dante Alighieri é da realidade mesmo – vive o brasileiro pobre e carente de tudo que a pátria de Palocci não fornece para esses rejeitados da sorte, que na nossa ótica não é a "dona sorte" e sim o governo e principalmente o ministro da Fazenda do governo, de todos os governos e não apenas este aí. Sim porque em todos os governos os ministros da Fazenda sempre foram ovacionados como os "salvadores da pátria". Salvadores que nunca salvaram nada. Pelo menos os ministros dos outros governos não foram denunciados por envolvimento em corrupção ativa e passiva. Este atual está dando uma de "salvador da Pátria", mas não vemos esta salvação recair sobre nós, brasileiros, que fazemos parte dessa tal pátria. Continuamos com o desemprego e com uma renda miserável capaz de virar a cabeça de qualquer cidadão. O sucesso que o ministro Palocci aclama e chama para si como o artífice dela vai favorecer apenas os ricos, os milionários que a cada minuto ficam mais ricos, por conta das tais exportações que eles praticam. Ganham milhões com essas exportações e na hora de pagar os funcionários humildes é que se descobre a vergonha, (que eles não têm), dos próprios trabalhadores de viverem essa terrível e humilhante desigualdade que essa bandeira verde e amarela premia seus filhos. E pensar que esses ladrões do dinheiro público foram eleitos pela maioria do povo pobre e carente de tudo, já que eles – travestidos de cordeiros – prometiam uma nova ordem recheada de esperanças. Para mim – e meus leitores já conhecem minha ferrenha opinião – nascer em meio ao Alaska, (estado norte-americano) é mil vezes melhor do que ter nascido nesta terra de ladrões, cuja maioria deles se torna donos do país e faz o povo rastejar como vermes, sem direitos a nada, nem mesmo à educação, à saúde e a um salário digno. Isto minha gente brasileira, tem sido nosso país. E ainda querem que saibamos o hino nacional por inteiro; ainda querem que amemos o verde-amarelo, (o verde representa as matas que estão sendo destruídas e o amarelo representa o ouro, que os ricos roubam da pátria brasileira e não são punidos). Pelo contrário, acabam sendo as vítimas quando um pobre caseiro denuncia com todas as letras. Quando um pobre brasileiro indignado, (porque a maioria não tem nem coragem de se indignar!) – resolve – dando cobro a essa bandalheira de ladrões no poder – denunciar. Assim é essa pátria de ricos anarquistas: quando é o pobre quem denuncia, quem vai para a cadeia é o denunciante e não o denunciado. Ou quem tem sua conta bancária violada pelo sistema também corrupto e nada sério dos bancos. Principalmente um banco estatal como é a Caixa Econômica Federal, cujo chefe maior é o Sr. Lula.



Ainda bem que temos uma boa oposição para continuar pressionando esse ministro, o qual demonstra claramente na sua tristeza de "jeca que andou pisando em ovos frescos", a culpa não admitida por ele, porque o sabor do poder é doce e impossível de largar. Ele nega porque detém o poder e tem muito que perder, porque é no poder que ele e “eles” devem continuar roubando mais do que roubou no passado. É um sentimento mesmo de quem já roubou e muito lá no passado. Só que o passado é como uma sombra: não vai embora. Um dia a sombra cria vida e acaba relatando as falcatruas escondidas. Mas, para isso ele terá que renunciar ao poder. Caso contrário, a sombra irá aos poucos crescendo até encobri-lo totalmente.



Líderes do PSDB e PFL avaliaram que não há discurso que salve Palocci da degola. (novamente o termo degola nascido das cinzas de Canudos). Esses líderes também deixaram claro que não aliviarão a pressão para que ele saia do governo e dê explicações sobre a quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, mais conhecido como "Nildo", que o acusa de freqüentar a mansão suspeita onde se reuniam lobistas em Brasília, bem como mulheres da vida. Isto é: a nata da corrupção.



Agora só falta o Lula, “o poderoso chefão de todos", que sempre deu uma de que não sabe e nunca viu nada, a exemplo do Palocci, ser questionado e ser também acusado formalmente. Rodrigo Maia, o líder do PFL na Câmara disse em tom de reação: “se Palocci tivesse credibilidade eu ainda podia acreditar nele. Mas, isso ele já perdeu há muito tempo, uma vez que ficou comprovado que vem mentindo”. O líder do PSDB, deputado Jutahy Júnior (BA) declarou peremptório: “Chega de Palocci e chega de mentira”. Para ele a cara de bom moço e o fato de Palocci ser educado não o exime da mentira de conteúdo. Quanto ao Lula o que lhe dá sustentação são também as mentiras. O presidente não pode querer driblar o eleitor com a mentira de que não sabia de nada. Um presidente que não sabe de nada, neste caso nosso brasileiro, é um presidente incompetente para governar porque governa seguindo apenas o protocolo dos que estão ao seu redor. Quem governa, ou administra assim, não tem competência para nada, a não ser fazer seus discursos de argumentos fracos e nem mesmo respeitando a gramática da língua portuguesa, como se nós brasileiros fôssemos pior do que o pior dos analfabetos. Na minha concepção Lula poderá ganhar novamente as eleições, mas de uma coisa tenho certeza: irá cair apodrecido pelas denúncias que irão cada vez mais crescer numa intensidade incontida e insustentável. O fogo aumenta de tamanho quando há muito material combustível por perto, mesmo que esse fogo nasça de uma simples fagulha. Assim é uma denúncia nos meios palacianos do poder: cresce a olhos vistos e logo se forma uma teia enorme de denúncias para todo lado, deixando os denunciados exasperados. Logo se descobre que o que parecia uma boa equipe de trabalho para a melhoria da população brasileira, não passava de uma enorme quadrilha de larápios prontos para locupletarem-se através dos cofres onde se guardam o dinheiro do povo. A maioria desse povo pobre e oprimido.



Assim é o nosso Brasil. Um país em que o ladrão que rouba para sobreviver é preso, espancado até a morte e tem seu nome execrado para sempre juntamente com sua família. Já os políticos deitam e rolam. Roubam à vontade e são bem tratados até pela polícia. E o povo por falta de uma boa educação acaba por reelegerem novamente, glorificando o ladrão, que talvez a igreja católica depois das bênçãos o denomine de “bom ladrão”.



República Federativa do Brasil – a República dos ladrões, cuja bandeira verde-amarela hasteada nos mastros de mezena dos navios negreiros deu guarita aos carrascos espancadores de escravos, enriqueceu fazendeiros cruéis que matavam por prazer, engrandeceu os feitores estupradores de meninas negras e hoje dá plenos direitos aos políticos ladrões, cuja sanha de roubar ninguém consegue deter.





Jeovah de Moura Nunes

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