À vida dos humanos, seja naquilo que for, a fruição do exagero faz mal. Por consequência é deveras sensato que todos se esforçem na postura que persista no equilibrio ideal do usufruto terreno.
Se fumar faz mal, quanto a mim, conduzir veículos faz muito pior e, no entanto, são muito poucos aqueles que publicamente se batem pela harmonização da tragédia quotidiana do nefasto vício de andar às voltinhas para afinal de contas se voltar inevitavelmente ao mesmo sítio.
Num inquérito feito a 100 pessoas, em que se perguntou, no caso de perder-se tudo, quanto àquilo que mais custaria perder, 42 dos inquiridos indicaram o automóvel.
Ora, nos últimos tempos, os políticos têm andado empenhadíssimos em sobrecarregar quanto podem o preço do tabaco, promovendo ao mesmo tempo acérrima campanha para colocar em choque fumadores e não fumadores.
Alega-se e argumenta-se que os não fumadores absorvem o fumo fumantes, queixando-se que são forçados a fumarem por tabela. Não alegam, por exemplo, a atitude de convidar uns amigos para dar uma agradável voltinha de carro e depois espatifarem-se todos de encontro a uma parede. Quantos espatifados há por dia neste surpreendente mundo imundo?...
O que preferimos nós com prioridade: o fumo de cigarros ou a fumaça dos milhares de canos de escape que respiramos todos os dias? Trata-se de um veneno a que ninguém escapa e que de facto mata sub repticiamente?
Como sou exemplar adepto das opções instantes e milito entre os que pugnam pela lógica da evidência, não indo na ondeante hipocrisia de "lana caprina" que forra o tecto da inteligência, francamente, sem papas na tecla e em cima do acontecimento, deixo um recadozinho aos que não cessam de perseguir os fumadores: porque não vão foder a cabeça aos donos das indústrias que estão a exterminar em todas as vertentes os recursos essenciais à vida de todos?...
Ah... De passagem, também, podem ir à merda. A merda fuma, mas expande-se suave e lengtamente...
António Torre da Guia |