Santíssimo Remédio: Pôr os filhos na rua a apanharem porrada
das bestas-lacaias que ganham a vida a proteger os corruptos.
Estou a recordar o impulso colectivo que levou os portugueses a votarem maioritária e surpreendentemente José Sócrates, atribuindo-lhe a liderança do país, quiçá, por um novo e efectivo rumo, derradeira esperança num jovem político com bom aspecto e currículo sério, ao cabo de 32 anos de progresso em permanente derrocada.
Todavia e em descaro imediato a fervorosa expectativa gorou-se. O eleito primeiro ministro, voltando as costas às eleiçoeiras promessas que o creditaram, embrenhou-se em projectos megalómanos e passou a alinhar, em nome da "política da verdade", com mais voracidade ainda nas práticas da banida governação anterior: tudo quanto afinal não faria, fez a redobrar. A minhoca dos 150.000 (des)empregos e a (des)protecção aos mais frágeis e velhos seccionou-se em milhões de (des)esperados bocadinhos revolventes.
Nas sequentes eleições autárquicas e presidenciais, os portugueses também de imediato recusaram a fraudulenta pirueta pública, votando em favor de um partido que sequer liderança credível actualmente apresenta. Contudo, demonstraram que continuam persistentemente à procura de um líder que retire o país do crónico desnorte em que mergulhou e, por consequência, contra os mais esconsos e vituperantes ventos, elegeram o professor Cavaco Silva seu presidente da República.
Consabe-se que, enquanto Marques Mendes se assumir na pretensão de ser primeiro ministro, José Sócrates terá nesta arabesca circunstância o privilégio de reformar-deformando.
Logo que a cortina baixe sobre o anestésico Mundial 2006 e a maioria dos portugueses regresse da praia sem um chavo no bolso, com as bagagens carregadas de dívidas, num país a acabar de arder, a ordem pública vai ter de ser gerida à cacetada.