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Artigos-->FADO = Claramente negro de mais... -- 14/05/2006 - 15:03 (António Torre da Guia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




QUEM TRAMOU JOÃO DIAS?!...



João Dias foi pessoa de empolgante vertigem sobrevivente, ora de aúreas celestes, ora de abismos horripilantes. Em calão corrente, para que bem se entenda o género pessoal de um dos maiores poetas do fado clássico, era daqueles que "não chupava grupos nem os engolia". O seu fim de vida foi assaz dolorido e cruel.



O miserabilismo fadista - há-o para além de quanto Vitor Hugo abarcou - não lhe perdoava a irreverência e explorou-lhe a musa e a poética caveira até aos mais esconsos processos da predação humana: por 16 ou 18 versos, um copo de vinho.



O fadista Rodrigo, que é um espertalhão néscio que às vezes aparece na televisão armado em entendido eloquente - algo de sub reptício muito parecido com o "vómito João Braga" = "O Estraga-o-Fado-Nacional - foi dos que mais humilhou e martirizou o invulgar vate fadista. Com aquele seu peculiar sorrizinho pulhante, afirmou: "Oh... O João Dias, era um grande poeta, mas, ao mesmo tempo, era muito mauzinho". Eis pois evidenciamente neste pormenpr de somenos a consciência a desculpar-se pelas frinchas do esgoto. Quantas vezes ouviu o Leitor esta espécie de arremesso por trás das costas do morto? Que coragem!...



Tramou-lhe o fim da vida? Esmagou e submeteu o poeta com esmolas de "lana caprina", mas não tramou a ovelha negra, escorraçando-a do redil. Também não tramou a memória. Nem ele ou João Braga, nem ninguém, trama a memória! A prova disso ? Está nesta simples mas incisiva referência.



Pelos versos que já adiante tenho todo o gosto em inserir, imagine-se a dimensão intelectual de um homem que foi vítima dos necrófagos do Fado:





OVELHA NEGRA



Chamaram-me ovelha negra

Por não aceitar a regra

De ser coisa em vez de ser;

Rasguei o manto do mito

E pedi mais infinito

Na urgência de viver.



Caminhei vales e rios,

Passei fomes, passei frios,

Bebi água de meus olhos;

Comi raízes de dor,

Doeu-me o corpo de amor

Em leitos feitos d escolhos.



Cansei as mãos e os braços

Em negativos abraços

De que a alma esteve ausente;

Do sangue de minhas veias

Ofereci taças bem cheias

À sede de toda a gente.



Arranquei com os meus dedos

Migalhas de grãos segredos

Da terra escassa de pão,

Mas foi por mim que viveu

A alma que Deus me deu

Num corpo feito razão!



João Dias
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