Sem saber ainda dos graves incidentes que de facto decorriam em São Paulo, sábado-13-abril, estive a ver na RTP2 uma reportagem que abordava fundamentalmente, numa primeira vista, a intensiva criminalidade urbana na gigantesca cidade brasileira. No fundo tratava-se de um sub reptício e bem urdido documentário de publicidade ao comércio de helicópteros.



Os brasileiros que trabalham ou se prostituem em Portugal são unânimes em afirmar que a segurança e tranquilidade públicas, em relação ao Brasil, pode comparar-se ao paraíso à vista do inferno. É de resto o principal motivo porque emigram para a Europa em busca de melhores dias e mais garantido futuro.



Voltando à aludida reportagem, constatei que a cidade de São Paulo é no mundo aquela que maior número de helicópteros e heliportos, no cimo dos arranha-céus, comporta. Empresários e quadros administrativos de gabarito vão de casa para o trabalho e do trabalho para casa sem pousar os pés em terra. Para tornar este meio aéreo mais economicamente acessível, os interessados organizam-se em grupos de 10 usuários.



No solo, nos locais de tráfego intenso, os ladrões, que se estão nas tintas quanto à vida de suas vítimas, aguardam e centralizam as oportunidades de assalto junto de semáforos e locais de eventual paragem de viaturas. O que pode suceder, nunca se sabe. Por dez reais de mel coado, com ou sem resistência, tira-se a vida a quem quer que seja.



Ora, em face dos gravíssimos acontecimentos com que os paulistas neste momento se debatem, o presidente Lula entrou na liça afirmando que a origem de tão nefandos actos está precisamente na passada negligência do ex-governador, agora proclamado concorrente ao cadeirão mor em Brasília, actualmente ocupado por um rabo comprovadamente, com ou sem mensalão, inepto e incapaz de lograr um milímetro de sustentabilidade positiva ao povo brasileiro. Mais: defronte a tão preocupante tragédia social, vê-se nitidamente que Lula se rala exclusivamente com o seu futuro presidencial, ainda que uma guerra civil entre polícias e ladrões lhe toque a ponta do nariz. Por isso mesmo, Lula revela-se um perigoso irresponsável.



Entretanto, praza que o conflito não assuma uma escalada insuportável que leve as autoridades a terem de tomar medidas de excepcional limite, obrigando-as a ordenar o abate indiscriminado de todos aqueles que se configurem com a rebelião.



A mim, o que espanta, é que Lula, ou qualquer outro com poder político, não desencadeie de imediato um programa de emigração dentro do próprio Brasil em vista de aliviar os caldeirões humanos que estão em vias de explodir sem remédio. Ou será o implosivo extermínio a secreta solução formal que Lula tem na "caixinha-do-seu-cocó" para obter em concreto a prometida "Fome Zero"?!...