Uma das mais belas trovas de autor desconhecido (ou anônima), é a seguinte:
A sorte, nós bem sabemos,
é tal qual uma mulher
que quer quando não queremos;
quando queremos, não quer.
Também a trova, criticando a Justiça:
De Themis já foi contada
a história controvertida:
- Ora, é peituda e vendada;
ora, é peitada e vendida.
Quanto a outra famosa trova de origem não comprovada:
Até nas flores se nota
a diferença da sorte:
umas, enfeitam a vida;
outras, enfeitam a morte!
O poeta alagoano - de Pão de Açucar -, Hormino Lyra, diz ser de sua autoria("O Troveiro" - Livraria São José - Rio de Janeiro - 1960);embora o trovador A.A.de Assis, de Maringá-PR, considere-a de autoria do poeta cigano Jrônimo Guimarães; a nossa opinião de que tal trova,anônima, cujo primeiro verso - na versão do poeta Hormino Lyra é: "Até nas flores se encontra..." (no lugar de "se nota"), acredito já ter lido algures, antes de 1960 (ou tê-la ouvido de alguém)!
Assim sendo, penso que o então jovem poeta Hormino Lyra (que era, segundo ele próprio, "o mais levado da família"...), viu a cena das flores destinadas a um aniversariante; e outras levadas para um velório, de casas próximas à sua, e escreveu a trova que tinha de memória, no seu subconsciente...
Porque, convenhamos, começar como trovador com uma obra prima, seria algo extraordinário!