993300> Antecipadamente disposto a assistir à parada de estrelas futebolísticas que interviriam na final europeia em Paris, chegada a hora, acomodei-me defronte ao televisor enquanto jantei tranquilamente uma gostosa salada de atum com feijão frade, regada com um excelente maduro-branco "Porta da Ravessa", mais ou menos da cor das camisolas do Arsenal, envergando de amarelo claro neste prélio.  Os ingleses entraram no jogo incisivamente acutilantes. Num ápice, obrigaram o guardião espanhol a duas elásticas defesas in-extremis. O Barcelona reagiu e empurrou o pânico até à área contrária, onde Ronaldinho deixou fugir um oportuno e bem medido centro de Eto o.
Após alguns minutos de bola cá e bola lá, culminando a iminência do golo, de novo nos pés do camaronês, o guarda-redes arsenalista derrubou-o à entrada da área e foi justamente expulso. O guarda-redes suplente substituiu-o e Robert Pires teve de sair para ceder-lhe o lugar. Do livre, Ronaldinho, no ensejo com má pontaria e nenhuma inspiração, atirou ao lado.
Logo adiante, persistindo no ataque, embora reduzidos de um elemento, de um livre cobrado na ala direita, a cerca de 15 metros da área, Campbell, um negão de 1,80 de altura, enviou aos 37 minutos um foguetão de cabeça para o fundo da baliza espanhola.
No tempo sequente, com o Barcelona a exercer sem êxito intensa pressão, esgotados os 45 e mais 4 minutos de compensação atribuídos pelo árbitro, as equipas regressaram ao balneário para o descanso Na segunda-metade, sob chuva intensa, o Arsenal em estóica defensiva e verrino contra-ataque, teve nos pés do super-dotado Henri a provável liquidação do jogo, mas o pontapé saiu ao alcance do mergulho de Valdez. Com o Barcelona a carregar decisivamente, após falhadas insistências de Ronaldinho, desta feita muito infeliz nos geniais lances que congeminou, aos 76 e 81 mjinutos, Eto o e Belletti, fulminantes em sucessão, operaram o volta-face que proporcionou o segundo título europeu aos actuais campeões de Espanha.
Nos derradeiros minutos, o Arsenal, que merecia pelo menos lograr a chance das grandes-penalidades, não teve mais força para equilibrar a diferença e foi-se abaixo condignamente, ao cabo de uma interessantíssima e muito agradável partida de futebol perante o Estádio de França cheio.  Daqui, em face de alguns dos melhores jogadores do mundo e, entre eles, o inquestionável melhorzão que termina em "inho", que ilacções se poderão retirar em relação ao Mundial 2006 que começa já em Junho? Quanto a mim, e apostava 10 por 1, o Brasil vai dar baile de bola e dançará como quiser. A sombra de Pelé demonstrará ainda mais engenho ao meter-se no corpo do simpático e terno Ronaldinho.
António Torre da Guia |