Claro, a evidência, em saturante repetição, era por de mais pleonástica. De resto, a RTP, volte ou não volte os intérpretes ao contrário, intente ou não intente toda a espécie de estilos, e até, inclusive, mude ou não mude de língua, não mudando os mentores do sistema que há décadas se lhe encrustou no tecido, não parará mais de descer, ou, com vergonhosa coerência, permanecerá no fundo da Europa, apesar de se situar num pequeno e digno país que faz de quilha ao velho continente.
O concludente anodinismo medíocre com que a RTP enverniza o seu famigerado festival não permite que a nossa voz, de guitarra portuguesa ao lado, vá a algures através de si.
Como pelo menos bem se viu na hora da verdade, como quem se liberta das Sodoma e Gomorra hodiernas que pairam sobre os sons do mundo, a Irlanda, pela 8ª. vez, ou a Bósnia-Herzegovina, a estrear-se, uma delas logrará com inequívoca justiça o prémio de apresentarem canções com cabeça, tronco e membros em seu devido lugar.
Continue-se pois "non stop" - o termo assenta como agulha em seringa - a injectar o cultivo do regabofe pimbalhão até que o cravo caleje e do caule brote espinhos. Vá, a seguir a tão bela merlodia, não parem mais para ver se vamos parar a qualquer sítio.
Torre da Guia / Porto |