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Artigos-->Bete Mendes e as seqüelas de seu veneno -- 07/06/2006 - 09:55 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
BETE MENDES E AS SEQÜELAS DO SEU VENENO



Brasília, 27 de maio de 2002.



Senhores,



Todos os senhores sabem, com maior ou menor profundidade, que em 1985, as injúrias e o ódio destilados por Bete Mendes que resolveu dar vazão aos seus sentimentos de vingança, utilizando-se do meu nome para atingir o Exército Brasileiro, causaram danosa repercussão, que o Brasil todo testemunhou, em um momento político em que se buscava a consolidação da democracia.



Agora, ainda na crença de que o mal por si estaria destruído, fui surpreendido, por meio da Internet, com o nome Bete Mendes ligado a um documentário encomendado pelo Exército Brasileiro e narrado por essa senhora. Perplexo e na busca de esclarecer uma situação que se nos parecia inacreditável, expedi alguns "e-mails", para um grupo restrito de amigos pessoais, solicitando maiores esclarecimentos de quem, porventura, os detivesse. Ao receber as inúmeras respostas agradeci a todos a solidariedade.



O veneno das calúnias de Bete Mendes, porém, ainda se revelou potente e capaz de provocar seqüelas, tantos anos depois de inoculado. Com o mesmo espanto, recebi correspondência do Chefe do Centro de Comunicação Social do Exército, em que, se sentindo atingido por eu ter feito circular na Internet considerações julgadas inadequadas ao CComSEx e em última análise, ao Exército, pede-me que divulgue sua carta.



Atendendo a solicitação do Exmo Sr Gen Div Luiz Cesário da Silveira Filho, Chefe do CcomSEx, divulgo a carta recebida e a seguir minha resposta ao Exmo Sr General.



CARLOS ALBERTO BRILHANTE USTRA.





***



MINISTÉRIO DA DEFESA



EXÉRCITO BRASILEIRO



GABINETE DO COMANDANTE



CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DO EXÉRCITO



Brasília-DF, 24 de maio de 2002.





Prezado Coronel



Com profundo desagrado, tomei conhecimento do conteúdo do e-mail, retransmitido por V Sa, assinado por pessoa que se identifica como "Sostenes", a qual, a pretexto de criticar matéria divulgada no portal oficial do Exército Brasileiro na Internet, conclui o arrazoado com a seguinte exortação aos seus destinatários: "Vamos protestar junto ao General Chefe do CCOMSEX, ou engolimos mais essa traição?"



O signatário da afronta, certamente pessoa de seu círculo de amizades, não obstante a impertinência da afirmação, faz uso da técnica condenável, tão utilizada pelos comunistas, de veicular meias-verdades para desinformar, induzindo que o Exército Brasileiro, por intermédio de seu principal órgão de divulgação institucional, estaria fazendo apologia de pessoa que, no passado, combateu a Instituição e os valores que todos nós defendemos.



A atriz, cuja simples menção ao nome tanto "frisson" causou no emissor da mensagem, foi contratada pelos produtores para narrar o documentário "A Cobra Fumou", divulgado em sessão especial no Quartel-General do Exército para público seleto, que incluiu o Sr Comandante do Exército. A obra procura resgatar a heróica e pouco conhecida saga de nossos pracinhas da Força Expedicionária Brasileira durante a Segunda Guerra Mundial. Essa tentativa de resgate preenche uma lacuna que também a nossa Força está procurando suprir com a criação do projeto "História Oral", de concepção do Centro de Comunicação Social do Exército (CCOMSEX) e de responsabilidade da Diretoria de Assuntos Culturais do Exército.



A julgar pelo conteúdo exagerado do e-mail, quero crer que V. Sa. e as pessoas que o retransmitiram condenam a associação do Exército Brasileiro à divulgação de tão importante documentário - produzido com recursos extra-Instituição - apenas por causa da pessoa selecionada para narrá-lo! A escolha da narradora foi de inteira responsabilidade dos produtores da obra. A citação de seu nome na nota de divulgação do filme disponível no portal eletrônico do Exército na Internet, embora também não nos agrade, é impositiva pela obediência a normas de propriedade intelectual. Não há, por exemplo, como negar a Karl Marx a autoria de O Capital, nem a Carlos Marighella a de seu Minimanual do Guerrilheiro Urbano, obras que tanto renegamos, por contrárias à nossa índole e aos nossos valores.



Por oportuno, cabe relembrar a V. Sa. e a seus amigos que o atual Comando do Exército – ao qual o CCOMSEX tem a honra de assessorar -, vem, com veemência cívica, desassombradamente, a cada 31 de março, divulgando, pelo Noticiário do Exército e pela Internet, menções ao inesquecível Movimento Cívico-Militar de 1964 como "A história que não se apaga nem se reescreve", com repercussões favoráveis no Brasil e no exterior, cujas cópias estou remetendo a V. Sa.



A democracia de que hoje desfrutamos é filha dileta do vitorioso Movimento de 1964 que, uma vez consolidado, permite hoje o convívio dos contrários. Aquela quadra conturbada da vida nacional também está sendo registrada pelo projeto "História Oral" acima referido, em benefício do qual V Sa, como importante agente da nossa vitória, já legou, para a posteridade, seu imprescindível testemunho.



Tenha V. Sa. a convicção de que não serão manifestações desautorizadas e prenhes de desconhecimento que nos intimidarão, fazendo-nos esmorecer na perseguição diuturna, honesta e criteriosa, de nosso objetivo de tornar o Exército mais conhecido. Os resultados que o CCOMSEX vem obtendo são alentadores; seja projetando uma imagem favorável da Instituição no seio da sociedade brasileira - o que vem sendo conseguido, haja vista os elevados índices de credibilidade obtidos em pesquisas realizadas por institutos abalizados - seja defendendo, com firmeza, nossas posições do passado e do presente, como atestam os muitos documentos emitidos por este Centro, entre os quais remeto os que tratam da Guerrilha do Araguaia e da invasão de uma instalação de Inteligência em Marabá (PA).



Cabe ainda salientar, em meu caso pessoal, que, na condição de cadete do 3o ano da Academia Militar das Agulhas Negras, tive a honra de participar da Revolução Democrática de 1964. Arriscava, dessa forma, o sonho da carreira de oficial do Exército Brasileiro, ainda não conquistado, caso o Movimento não tivesse sido vitorioso. Mas o fiz com firmeza baseada nas convicções de honradez e brasilidade que têm pautado minha carreira até os dias atuais.



Assim, repudio, com veemência, o uso da expressão "mais essa traição" pelo signatário da mensagem referindo-se ao CCOMSEX - que tenho a honra de chefiar - e à minha pessoa, o que configura, além de flagrante injustiça, total desconhecimento do trabalho que vem sendo feito por este Centro em prol da preservação e do engrandecimento do patrimônio afetivo de nosso Exército, e que ainda tenta atingir, no meu caso, mais de quarenta anos de serviço inteiramente dedicados ao Exército e à Pátria.



Esperando que V Sa, com a dignidade que, tenho certeza, orna o seu caráter e já tendo sido vítima de injusta campanha difamatória, divulgue esse desagravo com o mesmo furor da supracitada mensagem eletrônica, subscrevo-me,





Atenciosamente,



Gen Div Luiz Cesário da Silveira Filho



Chefe do Centro de Comunicação Social do Exército



***



RESPOSTA DO CORONEL CARLOS ALBERTO BRILHANTE USTRA AO



Exmo Sr. GENERAL LUIZ CESÁRIO DA SILVEIRA FILHO – CHEFE DO CComSEx



Brasília-DF, 27de maio de 2002.



Prezado General



Também foi com profundo pesar, confesso, que tomei conhecimento, por meio de muitos e-mails - alguns inclusive com cópias que foram enviadas a esse Centro de Comunicação Social -, que o Portal Oficial do Exército noticiava a apresentação de documentário sobre a gloriosa campanha dos nossos soldados da FEB, tendo como narradora Bete Mendes, a "Rosa", da organização terrorista Var-Palmares.



Vários e-mails foram recebidos. De militares do Exército, da Marinha, da Aeronáutica e de muitos civis. Alguns desses internautas, nem os conheço. Outros são amigos. Todos resolveram se comunicar comigo, via Internet, porque essa tal senhora, em 1985 e em outras ocasiões, tentou, usando-me como instrumento, caluniar o Exército Brasileiro. Entendo, como tentativa de atingir o Exército o fato de que todas as mentiras por ela relatadas em cartas aos jornais, entrevistas na TV e depoimentos no Congresso se referiam a "feitos" que, segundo sua farsa caluniosa, ao gosto dos derrotados na guerra interna, teriam ocorrido em uma dependência da Instituição (DOI/CODI/II EXÉRCITO).



Os ofendidos - eu e o Exército -, entretanto, continuamos com nossa relação de mútuo apreço e de estreita comunhão. Apesar de "responsável" por todos os fatos assacados por "Rosa", continuei a merecer do Exército o mesmo prestígio e consideração de toda uma carreira, como são testemunhas as minhas destacadas promoções, as várias condecorações que recebi e as honrosas comissões a mim confiadas.



Malgrado as pressões de uma esquerda revanchista, para a minha exoneração das funções de Adido do Exército, junto à Embaixada do Brasil em Montevidéu, Uruguai, o Ministro do Exército na época, General Leônidas Pires Gonçalves, prestigiou-me no cargo até o último dia previsto para o término da minha missão.



Quanto à impertinência da afirmação, creio que, embora não tenhamos, eu e os autores dos e-mails, procuração para defender o Exército, nos sentimos indignados com a tácita aceitação dessa criatura, que, até então, informalmente recebia tratamento pouco lisonjeiro pelo Exército. Quando muito, ao nosso ver, a referida senhora mereceria ter o seu nome citado nos noticiários da nossa Instituição como a "Rosa" da Var-Palmares.



Senhor General, não usamos técnicas comunistas, tentando veicular meias verdades. Usamos os meios modernos de comunicação para noticiar o fato de o Exército ter aceitado, como participante do documentário, uma detratora da nossa Instituição.



O "frisson" que causou a simples menção do nome de Bete Mendes deve-se aos fatos acima narrados e expressa justa e sentida repulsa de homens que têm, imorredouramente, o verde-oliva nos seus corações. Antes de ensejar apressada desatenção, deve merecer respeito por advir de irmãos de armas e de ideais, todos calejados pelos embates de uma vida de devotamento.



Será que a aludida profissional de narração não foi contratada pelos produtores, como V. Exa diz, com a intenção premeditada de demonstrar que o Exército nada tem contra Bete Mendes? Com isso, os fatos que ela inventou não alcançariam maior credibilidade? A sua aceitação como narradora do documentário não poderia parecer como cabal acatamento pelo Exército da sua versão caluniosa, apesar de ela ter sido desmentida e desmoralizada no livro Rompendo o Silêncio que escrevi?



Estas sim, Senhor General, são técnicas comunistas.



E se os produtores tivessem contratado como narrador o ex-terrorista Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz (Clemente), da ALN, que confessou em torno de dez assassinatos, inclusive o de um capitão do Exército? Ou Hélio da Silva (Nadinho) da Var-Palmares (Organização terrorista de Bete Mendes), que assassinou David A. Cutheberg, 19 anos, marinheiro de uma Flotilha Inglesa que visitava o Rio de Janeiro, morto somente porque representava um "país imperialista"? O Exército os teria aceitado como narradores? E Bete Mendes, denegridora da imagem do Exército, que integrou o Setor de Inteligência do Comando Regional da Var-Palmares, em São Paulo, não foi no mínimo conivente com as ações terroristas realizadas por sua organização?



Em nenhum momento, Senhor General, os nossos e-mails condenam a associação do Exército Brasileiro aos produtores da obra para a divulgação de tão importante documentário. Os nossos pracinhas há muito tempo mereciam essa homenagem. No entanto, os próprios ex-combatentes, que tanto fizeram pelo Brasil e pelo Exército, certamente teriam, se consultados, escolhido outro profissional para narrar os seus feitos heróicos e pronunciar os seu nomes.



Temos acompanhado o trabalho do CComSEx e já tínhamos lido as notas que VExa nos enviou. A nota sobre a Guerrilha do Araguaia, a nosso ver, foi magnífica.



Realmente, Senhor General, a democracia que desfrutamos é filha dileta, usando suas palavras, do Movimento de 1964, que, uma vez consolidado, em grande parte por nossa luta contra o terrorismo, deveria recomendar o convívio dos contrários. O que acontece, no entanto, é que, cada vez mais, nós "engulimos" os contrários. São ex-terroristas que chegam a ministro, assassinos que moldam as mentes de nossos filhos e netos em faculdades, ex-assaltantes de bancos que são secretários de estado, e subversivos que, cada vez mais, são chamados a exercer cargos públicos, enquanto que os nossos...



Para nós, militares das Forças Armadas, integrantes da Polícia Federal e das polícias civil e militar dos Estados, que defendemos o Brasil, que lutamos contra a subversão e o terrorismo, tem sobrado apenas a calúnia e a difamação nos jornais, até sermos demitidos dos cargos que ocupamos.



Para eles, polpudas indenizações, porque mataram, assaltaram, seqüestraram. Os familiares dos seus mortos, todos indenizados!...



Veja os nossos mortos, Senhor General! Estão esquecidos!



Terá, hoje, o Exército Brasileiro uma relação atualizada, completa, e, de quando em quando lembrada pelo menos em cerimônias oficiais, dos militares das Forças Armadas e dos policiais civis e militares que, cumprindo ordens dos Comandantes Militares de Área, deram a sua vida em confronto com os terroristas?



E os feridos, civis e militares, receberam alguma indenização ou apreço?



E as famílias de nossos mortos, civis e militares, também não teriam que ser indenizadas? Eles não morreram defendendo o Estado Democrático?



E a Democracia, que hoje vivenciamos, não foi conseguida com o sangue que eles derramaram? Não evitaram eles, com o sacrifício de suas vidas, que o Brasil tivesse se tornado uma imensa Cuba?



Que convívio de contrários é este, Senhor General? É unilateral? Só nós temos que ceder? Exatamente por ser um agente do glorioso movimento de 1964 sei que a paz que o País teve até agora deve-se à dedicação de homens que arriscaram as suas vidas e a tranqüilidade de suas famílias, para que hoje o Brasil não fosse um país igual à Colômbia.



Infelizmente, no momento, temos de novo a nossa "FARC" se agrupando... Se preparando...



Não estamos prenhes de desconhecimentos, nem desejamos ser os depositários da verdade absoluta, nem somos radicais do politicamente incorreto. Sabemos que, muito menos, recebemos procuração para defender o Exército. Nem de longe, também, temos a intenção e poder para intimidar quem quer que seja.



Torcemos para que VExa não esmoreça na perseguição diuturna e criteriosa de tornar o Exército Brasileiro cada vez mais conhecido e respeitado. Nós queremos continuar a nos orgulhar dele!



Alegro-me que o senhor, ainda como cadete, tenha participado da Revolução de 1964 baseado nas suas convicções de honradez e brasilidade, sem perniciosa preocupação com carreirismos ou com as conseqüências de uma eventual derrota daquele sagrado movimento. Como no seu caso, sempre me pautei pelos mesmos sacrossantos princípios, razão por que recebo as suas considerações não como ensinamentos ou paradigmas, porém, como lembranças de objetivos e caminhos comuns a nós dois. Entendo o seu repúdio ao uso da expressão "mais essa traição". Deve ter sido escrita, por tudo o que foi exposto, num momento de frustração, de desilusão, ao ver a "Rosa" prestigiada, dentro de nossa ótica, narrando tão gloriosa campanha. Senhor General, não se sinta atingido nos seus mais de quarenta anos de brilhantes serviços. Em nenhum momento tivemos a intenção de atingir a sua pessoa. Acreditamos mais que o mediador dessa obra tenha sido envolvido em uma das técnicas comunistas.



Quanto ao furor a que V. Exa se refere pela divulgação que fiz das mensagens, trata-se, apenas, do impulso emocionado de um homem caluniado e difamado, para agradecer às muitas pessoas conhecidas e desconhecidas pela solidariedade amiga, nem sempre recebida.



Finalmente, uso da mesma emoção, talvez mais intensa, para, atendendo à solicitação de VExa, publicar o seu desagravo, juntamente com o de todos aqueles que se sentiram desiludidos com a deferência dada a "Rosa", da VAR-PALMARES.



Respeitosamente,



Carlos Alberto Brilhante Ustra





Obs.: Carlos Alberto Brilhante Ustra é coronel reformado do Exército. Autor dos livros "Rompendo o Silêncio" (1987) e "A Verdade Sufocada - A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça" (2006), o coronel é membro da ONG Terrorismo Nunca Mais (Ternuma) - www.ternuma.com.br.



























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