Prometi voluntariamente à Usina que relacionaria o Mundial de Futebol 2006 com a vida. Então, vamos lá ver se darei ou não boa conta do prometido. Ao mesmo tempo, aproveito para fazer um ensaio jornalístico para, na altura azada, descrever ao São Pedro o que por cá deveras se passa.
Está neste momento a iniciar-se o Campeonato Mundial de Futebol 2006. As equipas que vão protagonizar o início do evento, a Alemanha e a Costa Rica, entraram em campo com os seus atletas de mão dada a joviais garotinhos, alguns deles, se persistirem no sonho, quiçá os futuros craques em próximas edições. O pormenor lembra-me algo da antiga Mocidade Portuguesa que agora toda a gente condena, aprovando contudo a simples mudança de farda.
Expostos os respectivos hinos perante um estádio completamente lotado - diz-se que na Europa a vida está economicamente muito má - os alemães envergando de branco e os costa-riquenhos de vermelho, estão já a trocar e a disputar a bola entre si. Estou a contemplar o jogo em ecrã gigante, cerca de 3x2 mts, acompanhado a preceito de um excelente café "Sical", brandy "Macieira" e um fumegante cigarrinho extra-longo "Malboro". Estou bem, descontraído, completamente estável no espírito e no corpo. Eis o registo dos intervenientes:
ALEMANHA: Lehmann; Friedrich, Mertesacker, Metzelder e Lahm; Schneider, Frings, Borowski e Schweinsteiger; Klose e Podolski.
Suplentes: Khan, Hildebrand, Jansen, Huth, Kehl, Nowotny, Hanke, Neuville, Ballack, Asamoah e Hitzleperger.
COSTA RICA: Porras; Marin, Sequeira e Umaña; Gonzalez e Solis; Fonseca, Centeno, Martinez e Gomez; Wanchope.
Suplentes: Mesen, Alfaro, Drummond, Bolanos, Bernard, Azofeifa, Wallace, Hernandez, Badilla, Saborio e Nuñez.
Começa o jogo. O argentino Horácio Elizondo apita para o início.
Minuto 02 - Alemanha perto do golo... Tiro de Frings de longa distância, levando a bola a centímetros da barra.
Minuto 05 - Golo de Philipp Lahm (Alemanha). Pontapé em arco desferido à entrada da área, descaído pela esquerda, sem hipótese de defesa, com a bola a entrar junto ângulo superior esquerdo. Pois, Deus é sem dúvida o melhor jogador do mundo.
Minuto 09 - A Costa Rica demonstra grandes dificuldades para sacudir a forte pressão inicial da Alemanha.
Minuto 11 - Golo de Wanchope (Costa Rica). O avançado surge isolado frente a Lehmann, partindo de posição regular, tendo apenas de escolher o lado onde colocar a bola. Está restabelecido o empate na primeira abordagem à baliza alemã.
Minuto 16 - Golo de Klose (Alemanha). A defesa costa-riquenha apresenta-se facilmente penetrável.
Minuto 30 - O árbitro amarelece Fonseca.
Minuto 37 - A Costa Rica reage, dando a entender que não se deixa intimidar pelo ímpeto alemão.
Minuto 45 - As equipas vão para o descanso. A Alemanha está a vencer com autoridade uma Costa Rica assaz tímida e desorientada nos momentos cruciais.
Mais um cigarrinho "Malboro" fumo eu e volto as costas ao ecrã para não ter de gramar a ávida publicidade do super-supérfluo que codiciosa apanha a boleia dos grandes eventos.
Recomeça o jogo e de imediato a Costa Rica abeira-se da área alemã, provocando um pontapé de canto que nada resulta.
Minuto 60 - Klose, de novo, recargando uma bola que bateu no poste costa-riquenho, eleva para três golos o score alemão.
Minuto 72 - Surpreendente: Wanchope, em mais uma jogada de contra-ataque, também, como Klose, bisa para a Costa Rica e coloca a assistência alemã de mãos na cabeça.
Minuto 86 - O sonho da Costa Rica acinzenta-se. Frings envia ao ângulo da baliza de Porras um foguetão e obtem o quarto golo.
Minuto 93 - Com os alemães a trocar a bola nas imediações da área adversária, termina o primeiro jogo do mundial. Conclusão: a Alemanha joga e deixa jogar. Bom sinal.
Bem, agora, independentemente da actualização permanente no Mundialusina dos resultados que forem surgindo, voltarei a este tema sempre que a lusofonia esteja em jogo. Então, até à próxima e, claro - duvida? - mais um cigarrinho "Malboro" extra-longo. Faço tudo quanto posso para transformar-me em fumo. Adoro a dança das fumaças suspensas no espaço. Dá-me ideia de que estou e danço com elas...
António Torre da Guia |