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Artigos-->Maria Preta -- 31/10/2001 - 07:27 (maria da graça almeida) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O servir - ainda que profissionalmente correto – exaure o corpo.

A indisponibilidade para a condição do servir

-ainda que por motivos alheios à vontade própria-

debilita a alma.



Maria Preta



Ao vestir-me todos os dias, com os panos pra abotoar,

ordenava à preta Maria, que cedo me viesse ajudar.

Chegando-me aos resmungos, jurava-me um par de palmadas,

mas, boa, a mão calejada, doía-me só quando gelada.

E, aos brados, quando a chamava, a negra atendia sentida,

dizia ser eu bem folgada, moçoila um tanto atrevida!

Fazendo graça e pirraça, fingia não a compreender,

e nem ficava vexada em usá-la a meu bel-prazer.

Porém, clareando, um dia, nos olhos ira e aflição,

entrou-me no quarto, Maria, com gorda trouxa à mão.

Trazia-me o adeus nessa hora: da luta, estava cansada...

e eu, que há pouco acordara, deixei a cama assustada.

Em vão tentei entender a brusca atitude tomada,

porque em toda a vida, não vira a negra suada.

Julgava que sendo forte, jamais lhe batesse o cansaço,

que não ficasse doente e valente lhe fosse o braço.

Pra que mudasse de idéia, até insisti com firmeza,

mas, cruel, Maria me olhava com certa e dura frieza.

Saindo sem mais delongas, bateu-me a porta do quarto,

meu olho estupefato saltou ante a falta de tato.

Debrucei-me à janela, deveras arrependida

pelos abusos diários que lhe dobraram a lida.

Aflita, de fora, chorosa, Maria olhou para mim

e debulhada em queixas, abriu-me o motivo, enfim:

- Antonte, ovi ocê falá

qui us pano de muito botão

é coisa de gente criança

e ocê num qué eles mais, não...



Maria da Graça Almeida

Antologia Lyra de Bronze















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