Um dia qualquer, já bem, a meio caminho, sem levar em conta o cansaço, as armadilhas, os tropeços, a sede, a irritação, o sol dardejante, o suor, enfim, toda uma gama de impecilhos que tivemos que transpor, sobrepujar, bate-nos uma dúvida obssessiva: seria este, realmente, o caminho que eu tanto sonhei para mim?
Os olhos tristes se lançam para além da clarabóia da janela, no rumo das coisas passadas, dia em que, parando próximo da encruzilhada, com a voz e o interior firmes, exclamamos, é por aqui. E o pé afoito pisou naquele solo, levando-nos para as suas atrações e enigmas.
E toda uma cadeia de acontecimentos fica questionada, como se aquela vida fora uma brincadeira, um faz-de-conta, uma farsa, uma invenção da nossa imaginação.
Aí, para nos tornturar ainda mais, os pensamentos começam a desenhar a vida que poderia ter sido, tecendo uma trama rica em detalhes que alfinetam o coração, melidram a alma, tornam ainda mais cansado o corpo que nos serve de invólucro.
Acode-nos as palavras de Robert Frost sobre The Road Not Taken. E, tarde demais, intranqüilos, cheios de dúvidas e decepções, nos perguntamos inutilmente: teria sido melhor?