Sempre me causaram reflexão as questões de amor mal resolvidas, os desencontros que pululam nesta vida, as armações do destino que, de repente, desagrega existências que pareciam tão logicamente unidas.
Sinto uma enorme tristeza quando vejo casais desagregados, muitas vezes por um nada, um capricho, um orgulho bobo, partindo cada um para o seu lado, voltando a ser pedaços, metades, deixando de ser um todo.
E vem a nostalgia dos momentos felizes, das ternuras, dos sonhos, dos suspiros, enfim, aquelas coisas todas que são aprentemente tolças, mas que constroem, pedacinho por pedacinho, um mundo inteiro de cumplicidade, um romance tão gostoso e tão enternecedor.
A idéia, então, que se me apresenta, como na música de Belchior, é a das parelelas, seguindo um ao lado do outro, mas em distância, separados, sem se encontrar jamais, talvez, quem sabe, no infinito, no amálgama que resulta dos sonhos emurchecidos, das esperanças frustradas e, por que não, da infinitamente triste parada dos amores nunca resolvidos.