O mais alto responsável pelo futebol português, para premiar os nossos "heróicos" futebolistas - trabalhadores da bola - vai retirar dos cofres da instituição a que preside mais de um milhão de euros. Assim, cada um dos seleccionados, receberá 50 mil euros, cerca de 10 mil antigos contos-de-reis, pecúlio que a enorme maioria dos portugueses nunca teve a dita de reunir numa só mão-cheia.
Em dislate de todo o tamanho, contra o óbvio parecer dos mais reputados fiscalistas, Gilberto Madail, em defesa dos já privilegiadíssimos trabalhadores, reclama publicamente a isenção do imposto que reverterá sobre tão opípara verba, fechando propositadamente os olhos à frágil situação económica com que o Estado continua a debater-se.
Já se ouviu sem equívoco a pronta resposta de Teixeira da Silva: honra e glória para a façanha desportiva, justiça e respeito pelo sacrifício económico dos portugueses. Pela primeira vez o Ministro das Finanças de Portugal me fez saltar uma esplendorosa coisinha dentro do peito.
De resto, para descaramento tão imbecil, desde logo se constata donde provém a rima que me deixou boquiaberto de espanto. O hábito, sub entende-se.
António Torre da Guia
PS = Ah... Querida Bia, estou a considerar a tua proposta. "Contra os ladrões ladrar, ladrar..." fica uma excepcional correcção no hino português. Até eu vou ladrar com todo o gosto. |