GLOBO REPÓRTER - MAIO DE 2006 - CIÊNCIA E ESPIRITISMO
Segue abaixo, apenas um resumo da Reportagem. Quem quiser ver a matéria completa, poderá acessar o link a seguir, onde também é disponibilizado um Vídeo :
Globo Repórter - Ciência e Espiritualidade
Nossos repórteres acompanham um curioso teste: será que é possível sair do corpo durante o sono?
Terapia de vidas passadas. Saiba de que maneira as compulsões e angústias dos dias de hoje poderiam ser resultados de dramas vividos há muitos séculos.
E ainda: duas pessoas que tiveram experiência de quase morte revelam o que viram enquanto permaneciam em estado de coma.
VIAGEM ASTRAL
Para a maioria das pessoas, sair do corpo é um desafio impensável. Mas para a psicóloga Marina Thomaz e para a professora Ana Maria dos Santos não. Elas eram crianças quando fizeram os primeiros passeios, na chamada viagem astral.
"Eu posso sair daqui e ir até a sua casa. Posso sair daqui e ir até a casa dos meus pais, dos meus filhos, fazer uma visita. Tudo isso é factível", garante Marina.
"A palavra "consegue" deixa uma distância muito grande. Não é uma questão de conseguir. É com que freqüência eu faço isso. Todas as noites", afirma Ana Maria.
A pedido do Globo Repórter, elas vão repetir um estudo feito há dez anos no Instituto do Sono, na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Os pesquisadores quiseram saber o que acontece com as funções vitais de quem diz ser capaz de se projetar e sair do corpo.
A pergunta do Instituto do Sono era : "Será que durante um procedimento onde há projeção existe alguma alteração do traçado eletroencefalográfico ?", diz o professor de psicobiologia da Unifesp Marco Túlio de Mello.
O interesse de cientistas pela espiritualidade tem aumentado nos últimos anos. Dois pesquisadores vasculharam 1,2 mil trabalhos científicos sobre o tema em todo o mundo. Uma hipótese : diante do desconhecido, algumas pessoas seriam geneticamente mais pré-dispostas do que outras a crer e ter fé.
"Alguns cientistas já estão começando a falar que a gente deve ter herdado circuitos biológicos associados à fé. Agora, como todos os seres humanos são bem diferentes uns dos outros, talvez um ateu não tenha herdado esses circuitos e não esteja capacitado biologicamente a crer, a transcender, a perceber o divino", diz o fisiologista Marcelo Árias, do Centro Universitário Monte Serrat (Unimonte).
Os testes mostraram que o sono de quem diz sair do corpo é igual ao de qualquer pessoa. Mas, na experiência feita há dez anos, Ana Maria acertou todos os objetos que estavam escondidos numa outra sala e convenceu os pesquisadores de que a projeção é um fenômeno possível.
"Eu acho que a grande busca do cientista é desenvolver a metodologia. O fenômeno está relatado, as pessoas vêem, escrevem, mostram e nós o observamos de longe. Mas quantificar esse fenômeno é muito difícil para nós", diz o professor de psicobiologia da Unifesp Marco Túlio de Mello.
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A EXPERIÊNCIA DE QUASE-MORTE
Luz no fim do túnel : saída ou porta de entrada para uma outra vida ? As visões de quem esteve à beira da morte são impressionantes. A empresária Marisa Cruz Brillinger e o advogado Solon Michalski não esperam que alguém acredite no que eles viram do outro lado. Mas estão convencidos de que voltaram diferentes. "Eu tive a tal viagem que é muito conhecida: a viagem pelo túnel. A descrição é comum", conta Solon.
Naquela manhã, algo dizia que Marisa tinha de pedalar no Parque Ibirapuera, em São Paulo. E veio o inesperado. "Eu andei menos de 500 metros e tive uma dor alucinante no lado direito da minha cabeça. Eu me lembro da viatura, mas não do Fernando. Eu fiquei sabendo dele através de uma amiga minha", diz a empresária.
Desacordada, em coma, numa UTI. E, ao mesmo tempo, partindo para uma viagem surpreendente. "Cheguei num lugar cinza. O ar era pesado, parecia que tinha uma névoa. E tinha um homem muito grande, um guerreiro. Aí, comecei a falar com ele. Pedi perdão ao general. Mas ele não me olhava", conta Marisa.
A empresária diz ter regredido a uma outra vida, por causa de algo ruim que fez no passado. "Eu não era leal. Articulei batalhas para ele, mas eu articulei matá-lo. E a morte foi a punhaladas", acredita. Tudo teria acontecido há 4 mil anos.
Marisa voltou do coma cheia de histórias. E, para a surpresa dos médicos, sem nenhuma seqüela do derrame. "Quando eu cheguei no quarto para conversar, ela se encontrava sentada no sofá, e o marido estava sentado na cama. Foi uma surpresa – ela estava arrumada e bonita. E isso me surpreendeu", diz o cardiologista Rodrigo César Bazzo.
A chamada experiência de quase morte tem se tornado mais comum à medida em que a medicina avança. Técnicas de ressuscitação do coração e dos pulmões permitem o socorro de pacientes que, há algumas décadas, dificilmente, voltariam à vida. Médicos que trabalham em UTIs ouvem histórias ricas em detalhes. Relatos de pessoas que não admitem a possibilidade de terem tido alucinações.
"Elas falam que isso foi a coisa mais real que já viveram na vida. E é isso que diferencia de uma experiência conduzida por uso de drogas, seja abusivo ou terapêutico", ressalta o neurocirurgião Paulo Porto de Mello, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Quem passa por essa experiência conta que, em algum momento da viagem, se vê diante de um filme, com um roteiro bem familiar. Um resumo da própria vida projetado numa tela imaginária. Cenas do que foi feito de bom e de ruim até aquele instante. O filme traz, em si mesmo, uma revelação : ainda não está pronto. E voltar à vida é a chance de escolher o melhor final para essa história.
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FÉ NO ESPIRITISMO
Reencarnação
Um menino com nome de anjo e uma história incomum. Seria o estudante Gabriel Falcão o espírito de um tio, que nem chegou a conhecer este mundo? Ele é filho do escritor Waldemar Falcão e neto da corretora de imóveis Nélia Campello Falcão. Quando estava para nascer, uma médium fez uma revelação intrigante : a chegada do menino seria o retorno de um filho que dona Nélia, a avó, perdeu no passado.
"Este filho que você não teve está voltando como seu neto. E preste atenção: quando ele nascer, vai ter olhos muito bonitos, para compensar os olhos que ele perdeu quando você pegou sarampo", conta Waldemar.
A médium não sabia nada da vida de dona Nélia, mas acertou em cheio. Nos anos 50, ela teve sarampo durante uma gravidez e acabou sofrendo um aborto. E o que dizer dos olhos de Gabriel?
A crença de que ele é a reencarnação do espírito daquele bebê consola e reforça os laços da família com o Espiritismo.
"Um dia por mês fazemos uma oração para nossos ancestrais, porque nós esquecemos que viemos deles", diz dona Nélia. Ela lembra o dia em que a vidente a chamou : "Foi uma euforia, porque meu filho havia voltado".
"Eu acredito nisso piamente porque sou espiritualista. Essa informação veio de uma forma completamente espontânea, sem que fôssemos especular ou buscar", conta Waldemar.
Desde pequeno, Gabriel se acostumou a ouvir que seria neto e, ao mesmo tempo, filho da avó – filho e também e irmão do próprio pai.
"Eu acredito totalmente. É extraordinário, mas é verdade. Pode acontecer, e aconteceu", comenta Gabriel.
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CURA ESPIRITUAL
Sociedade Espírita Frei São Luiz - Rio de Janeiro
Casos assim fazem parte da história de um lugar como o Lar de Frei Luiz, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Uma impressionante quantidade de pessoas vão ao local todas as semanas.
Só nas quartas-feiras, são 4 mil. Buscam mensagens de parentes mortos, respostas para o mundo dos vivos e um pouco de conforto. Às vezes, os problemas são simples, do dia-a-dia, que uma voz amiga ajuda a resolver.
Mas a Sociedade Espírita ficou conhecida por atender casos mais graves, doentes para quem os médicos já não dão esperança. São pacientes que se apegam à possibilidade de que a cura venha de um outro mundo – do mundo espiritual.
O médium mais respeitado no centro é quem atende doentes desenganados, na maioria vítimas de câncer e Aids. Ele aceita falar, mas não quer aparecer. Diz que é apenas um intermediário, um corpo usado por outro espírito para trabalhar.
"Nós trabalhamos com o doutor Frederick, um médico alemão que faz as cirurgias sem usar absolutamente nada", diz o médium.
O dentista Alexis Lima Jr. foi atendido pelo médium há seis anos, operado por ele numa cirurgia espiritual. Ele guarda até hoje as radiografias da medula. Exames que mostram um enorme tumor que tinha se alojado na coluna. Imagem do medo de não poder mais andar.
"Eu estava sentindo um desconforto muito intenso, a ponto de tomar banho quente, bater na perna e sentir a perna gelada. Os sinais nervosos totalmente loucos de tanta compressão na medula", conta o dentista.
Alexis procurou toda a ajuda possível. Fé e ciência; medicina e cura espiritual, trabalhando juntas. O atendimento no Lar de Frei Luís aconteceu uma semana antes da operação no hospital. E Alexis ficou impressionado com o que viu no Centro Espírita.
"Um manto branco exatamente do meu lado direito e aquela mão colorida em cima do meu peito, exatamente onde estava o problema. Eu não falei nada para ninguém. E aquele colorido ficou ali, mudando de cor em cima de mim", lembra Alexis.
O médium explica que Alexis presenciou a materialização de uma entidade, o médico alemão Frederick von Stein. O colorido nas mãos do médico seria uma espécie de magnetismo usado por ele para fazer as curas.
Repórter é submetido a Tratamentos Espirituais
No meio da entrevista, o médium faz um convite inesperado : "Se ele ( o repórter Sandro Dalpícolo ) quiser, pode passar por uma prova. A gente não pode filmar nada. Você deitaria aqui e o Frederick faria uma retirada de carga do seu corpo físico. Não é cirurgia, não é tumor, nada disso – é uma retirada de carga do seu corpo físico".
O médium garante que não haverá nenhum corte e o repórter resolveu aceitar a proposta. A partir de então, a pedido do médium, o repórter se deitou em uma cama, tirou a camisa social e o microfone, e passou por essa experiência de um atendimento espiritual. A pedido dele, o atendimento não pôde ser filmado.
Na escuridão, não foi possível ver muita coisa. As mãos do médium passaram sobre o corpo do repórter Sandro Dalpícolo, sem tocá-lo. Até que chegaram ao coração.
"A sensação é de que o atendimento durou menos de um minuto. Quando eu voltei, a camiseta estava toda manchada. Tive a sensação de que a região do coração foi bastante pressionada, como se um bisturi passasse pelo peito, mas sem dor nenhuma. Depois, uma sensação de um líquido gelado se espalhando. E a camiseta ficou machada", conta Sandro Dalpícolo.
Depois do atendimento, o médium disse ter resolvido um pequeno problema numa válvula do coração do repórter. Segundo ele, o líquido avermelhado que manchou a camiseta não é sangue. Mas como ele apareceu ? E de onde veio ?
Para os espíritas, foi a materialização das energias ruins que o corpo carregava. Para a equipe do Globo Repórter, tudo ainda é um grande mistério.
Alexis tem uma certeza : O atendimento dos espíritos ajudou a medicina tradicional a livrá-lo do tumor. "Só que, depois do tratamento, a entidade mandou me avisar que foi feito em mim um tratamento para encapsular e facilitar a cirurgia no plano material. O médico espiritual, doutor Frederick, fez um pré-operatório", diz o dentista.
A operação no hospital, que seria demorada, acabou se tornando mais simples do que o médico imaginava. "A previsão do médico era de seis a oito horas de cirurgia. Ela durou três horas e meia", conta Alexis.
Ninguém paga nada pelo atendimento espiritual. É tudo de graça. Mas a cura tem o seu preço. E a moeda é uma mudança de atitude.
"Quem se cura tem que demonstrar para a espiritualidade que realmente houve uma modificação interna no seu espírito e na sua modalidade de ser, na sua vida íntima. E isso faz com que a cura seja mais rápida, senão pode haver um retrocesso grande", explica o médium do Lar Espírita Frei Luiz.
A estimativa é que Espiritismo tenha perto de 30 milhões de simpatizantes no Brasil. A maioria segue outras religiões, mas encontra na doutrina espírita solidariedade e esperança.
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