O ex-bastonário da Ordem dos Advogados, José Alberto Júdice, foi em tempo acusado e processado por ter intencionado, através de uma entrevista a um jornal e segundo entendimento assaz perfurante, angariar clientela para a sua reputada firma de advogacia.
Num primeiro apreço, alegando que Júdice "não teve consciência da ilicitude", o relator pediu o arquivamento para tão estranho desiderato. Em consequência o ex-bastonário surgiu a proclamar que se tratava de um conteúdo jurídico "absurdo" e "idiota", o que levou o Conselho Superior a considerar-se desprestigiado, pelo que lhe foi movida uma adenda de suspensão profissional.
Em julgamento, a acusação tomou a palavra durande três horas. Quando chegou a vez de Júdice, concedia-se-lhe apenas 30 minutos para apresentar a sua defesa. O ex-bastonário, protestando com veemência, viu os 16 conselheiros abandonarem o recinto, tendo permanecido a discursar para a tribuna vazia.
"Amo a minha profissão e a minha Ordem. Não admito que me digam que a ofendi". E terminou a citar Manuel Alegre: "Não há Machado que corte a raiz ao pensamento, porque é livre como o vento, porque é livre".
Só que, senhor doutor, os machados andam por aí a cortar quanto podem, as raízes não se podam, não há vento e até o poeta parou. |