Eu, ao cabo de 67 anos de existência, bem matutados e pesados os prós e os contras, não tenho dúvida alguma: o futebol é, em excelência, o mais eficaz cano de escape hodierno, embora careça de permanente higiene sobre os resíduos poluentes que tendem a embaciar-lhe o brilho.
Dos cinco portuguesíssimos "FF", quiçá sejam o de futebol e o "F" de "desabafo", os dois melhores ingredientes cénicos de sustentação social, já que os três restantes, com experiência comprovada, não levam a humanidade a harmonização alguma. As pungentes lastimações ou as criminosas perseguições não têm qualquer hipótese de iluminar e empolgar o tecido colectivo nos dias decorrentes.
Estou a lembrar-me do incisivo golpe de cabeça que o Zidane desfechou no peito do Matterazi perante a universal ribalta da modalidade. A elegância maestra do lance perdurará para sempre na memória dos que viram a inesperadíssima cena. Resultado: num ápice, a selecção francesa entregava de cabeça beijada a taça mundial ao peito da Itália. Esta claríssima mensagem do cérebro ao coração constituirá sem dúvida um dos mais belos momentos na história do futebol.
Naturalmente, o futebol concita o interesse político num curioso e estimulante vice-versa. No caso português temos agora na calha, e praza que sem pestanejar, a difícil designação à testa da Liga e, logo mais adiante, o acerto das horas na electrónica relojoaria da Federação.
Força (mais um "F") rapaziada, vamos todos ao futebol. |