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Artigos-->24 Horas = Gritei e ninguém ouviu -- 06/08/2006 - 22:36 (António Torre da Guia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Ainda muito mal me tenho, mesmo sentado, na posição vertical. A dor, embora aliviada pela medicação, toca às vezes as raias do insustentável. Se tusso, dói-me, se mudo de posição, dói-me também e, se adormeço, tenho medo de acordar. Entretanto e de futuro, decidi andar permanentemente armado e de imediato apto a intervir em legítima defesa. É necessário que mantenha quanto possível a ilusão de poder defender-me. Venham de lá pois os "pulhantes da lei" fazer o resto.

Gritei e ninguém ouviu!...

Chegou a minha vez na madrugada de 3 de Agosto, aos 67 anos, inopidamente, para experimentar a aflição do momento crucial em que o pesadelo se transforma em realidade.



Cerca das 6 horas da manhã, ia na rua Gonçalo Cristóvão em direcção à rua de Camões, onde habito, defronte ao Jornal de Notícias sob a sombra do viaduto, e num ápice fui cercado por dois energúmenos. Logo que caí em mim, um terceiro, para me evitar a fuga possível, mantinha-se à distância. Um loirinho, de cabelos em bico e de brinquinhos, interpela-me, atirando-me uma das mãos de encontro ao peito:



- Ó velho, pára aí. Vou f....-te essa cara a toda.



E a palmada passou-me pelo rosto. O outro, um matulão de boné claro com a pala sobre os olhos, enquanto tentava mexer-me nos bolsos das calças, exprimiu-se:



- Vá, ó velhinho, mostra lá o que tens aí nos bolsinhos.



Começou então o filme de acção, cerca de 4/5 minutos onde não sei por onde andei nem como me safei de semelhante trapalhada. Num dado instante, estava eu sobre o loirinho, massajando-lhe a cabeça de encontro ao solo, senti que algo me empurrava as costelas para dentro sobre a dorsal direita. Levantei-me e gritei quanto pude durante um longo minuto. Um táxi que passava abrandou e eu corri para ele, mas assim que me aproximei o carro partiu veloz. Corri então deseperadamente, corri até ficar livre no meio da cidade deserta a penar de exaustão e dor. No céu desenhava-se a legenda: recolher obrigatório entre as 22 e as 7 horas da manhã.



Uma hora depois relatei o meu caso à Polícia, mais um entre milhares deles impunes, crimes de lesa cidadania pública, autêntico banditismo urbano que não há meio de cessar. Uma "chefe" da PSP, muitíssimo esmerada de porte, ao mesmo tempo que registva a ocorrência num computador, prestava a maior das atenções ao noticiário matutino da RTP, quiçá fazendo prévio treino miolar para exibir-se proximamente no fantástico teatrozinho anódino que atravessa Portugal de lés a lés.



O Senhor Primeiro Ministro, já se viu, não tem forma de atenuar "isto": instruções soaristas tacitamente orientadas. Seguir-se-ão mais e mais idosos. Vou andar três meses de pescoço erecto, a gritar minha indignação face às autoridades policiais que se passeiam indiferentes sem prevenir tão nefandas ocorrências, desactivadas pelas "exemplaríssimas" decisões da instituição judicial.



É evidente que um regime político como o que decorre não tem hipótese alguma de enquadrar-se num estado de civilização racional. A megalomania engenhoqueira não tem tempo para observar os vírus da grandessíssima esterqueira que em exuberante gáudio se passeia impune pelas ruas.





António Torre da Guia


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