Inopinadamente, quando tudo parecia estar em plácida harmonia, Co Adriaanse abandona as hostes azuis-e-brancas de rosto indignado e em silencioso sopetão. De imediato se dobra a página e surge na berlinda do "diz-se diz-se" Jesualdo Ferreira, técnico com contrato já assente com o Boavista, vindo de Braga, após um profícuo e excelente trabalho. Entretanto, em sucessivas declarações públicas, nega-se terminantemente que o novo técnico do Bessa tenha algo a ver com o futuro da equipa dos dragões. Inopinamente também, a televisão e a imprensa, sem qualquer esclarecida e prévia afirmação das partes, confirmam que Jesualdo será o próximo treinador do F.C.Porto. Então, João Loureiro, com o brilhozinho da ironia perpassando-lhe pelo olhar, proclama-se desolado com a renúncia e considera-se magoado com aquele que terá de indemnizar o seu clube em cerca de um milhão de euros.
Em suma, no meu país, tudo quanto é mentira antes, torna-se verdade depois, ou vice-versa, como foi o "quase que ia" do Simão. Praza pois que a dignidade, quando de todo desaparecer, seja em princípio uma clamorosa mentira. Não sei como definir, perante a tão propalada política da verdade, a ambiência negocial que paira sobre o futebol português e afinal se expande exemplarmente.