Em 05/01/2002, publiquei nesta Usina, em "Poesias", com o título de "Trovas", as seguintes, de minha autoria:
Abrindo o leque da vela
vai pelo mar a jangada,
como se fosse a mais bela
das aves da madrugada!
A trova há de ser, na certa,
o envelope transparente
de pequena carta-aberta
dos sentimentos da gente.
Mistério - felicidade,
que somente Deus concebe:
- Se parte, deixa saudade;
se fica, não se percebe.
Motorista da ilusão,
pelas estradas da vida
vou deixando o coração
no adeus de cada partida!
Acontece que a primeira das quatro trovas acima, foi por mim dita, em almoço na casa da poetisa Adélia Victória Ferreira, na Praça da Árvore, em São Paulo, na década de noventa, na companhia da escritora Maria do Socorro Xavier (companheira da Usina). Na oportunidade a consagrada trovadora Adélia disse:"Geraldo, quando alguém publicar, como o fez o saudoso Aparício Fernandes,uma coletânea das melhores trovas da nossa língua, você terá seu lugar com esta trova "Abrindo o leque da vela...".
Quando é agora, tive o desprazer de ver que o conhecido trovador potiguar Reinaldo Aguiar modificou referida trova, publicando-a no jornal "O Trovador" - órgão cultural da Academia de Trovas do Rio Grande do Norte - Ano X - N. 40 - 18/04/2006, divulgando-a nos seguintes termos, na sua coluna "Garimpo de Trovas":
"Abrindo o leque da vida
sai, orgulhosa a jangada
como se fosse a mais bela
das aves da madrugada"(?!)
Conheci o trovador Reinaldo Aguiar, em Fortaleza-CE, onde compareci por insistência da saudosa trovadora Valdeci Camelo. Tive dele boa impressão, inclusive porque, no almoço de despedida da Capital Alencarina, o trovador Fernando Câncio propôs que os presentes fizessem uma trova com as palavras "cem" e "sem", e, tendo sido o segundo a entregar a minha (o primeiro e primeiro classificado foi o saudoso poeta Joubert de Araujo Silva);quando as trovas foram lidas, o Reinaldo se levantou e disse:"A do Geraldo Lyra está melhor!" Note-se que foram quadrinhas improvisadas e não lembro de nenhuma!
De modo que não entendo, nem aceito, a atitude do "seu" Reinaldo Aguiar em divulgar a minha trova modificada. Se ele tivesse, antes, me consultado e eu tivesse concordado, tudo bem!
Só que não vejo sentido na forma "reinaldiana" e só faço trovas rimando o primeiro com o terceiro e o segundo com o quarto versos(forma abab).
É lamentável que o velho e conhecido trovador use de tal expediente, não se sabe com que objetivo! Será problema de idade? De arteriosclerose?