Muitos prometem acabar com as desigualdades sociais, mas sabemos que são promessas impossíveis de se cumprir. Diminuir as desigualdades, até é bom, mas acabar com elas, quem promete deve saber que não vai cumprir.
Hoje de manhã, no trabalho, eu ouvi candidato prometendo acabar com as desigualdades sociais, ouvi gente questionando por que o pobre tem remuneração menor do que a do rico, e estive comentando com meu colega sobre a inviabilidade de criar uma sociedade sem desigualdades.
Logo às 10:00 horas, José Lino começou seu programa na Rádio Itatiaia com uma historia sobre desigualdades:
"Um sábio viajava com seus discípulos quando soube que, numa aldeia, vivia um menino muito inteligente. Foi até lá conversar com ele e, brincando, perguntou: "Que tal se você me ajudasse a acabar com as desigualdades?"
"Por que acabar com as desigualdades?", disse o menino. "Se achatarmos as montanhas, os pássaros não terão mais abrigo. Se acabarmos com a profundidade dos rios e dos mares, todos os peixes morrerão. Se o chefe da aldeia tiver a mesma autoridade que o louco, ninguém se entenderá direito. O mundo é muito vasto, é melhor deixá-lo com suas diferenças".
Você, leitor, já ouviu falar em um lugar onde o pedreiro e o médico ganham o mesmo salário? Um sistema onde o juiz ganha tanto quanto um auxiliar judiciário? O diretor do banco ganha o mesmo que o operador de caixa? Não deve ter ouvido falar, mas pode ter imaginado esse lugar. Esse lugar seria bom e viável? Você estudaria mais dez ou quinze anos intensivamente para ao final ganhar o mesmo que poderia ganhar com apenas o primeiro grau? Eu mesmo, embora goste de conhecer, e sempre tenha lido bastante quando pouco havia freqüentado escola, só decidi fazer o segundo grau e depois a faculdade, quando, ao fazer o primeiro concurso público, constatei que só poderia ter uma remuneração muito melhor do que aquela que tinha, quando fizesse um curso superior.
Por que os países socialistas têm que impedir a saída de seus cidadãos? Por que alguns deles tentam fugir para os países capitalistas? A possibilidade, por mais remota que seja, de você poder adquirir bens, ser proprietário de imóveis, ser empresário, etc. é uma liberdade que quem não tem gostaria de ter, e só alguns dos que têm não se preocupam em perder.
É certo que grandes disparidades sociais constituem um problema muito sério, que deve ser combatido. É verdade que o descaso com a educação pública, e o alto custo das escolas privadas tem agravado a distância entre os mais ricos e os mais pobres no nosso país. Não resta dúvida que se a educação no nosso país não tivesse sido transformada em uma das mais caras mercadorias, as diferenças sociais diminuiriam; mas não acabariam, e nem seria bom acabarem. Todavia, uma equiparação salarial entre todas as pessoas da sociedade impediria todo progresso, desestimularia a sociedade à busca do conhecimento e criaria um caos. Só onde há competição há desenvolvimento. Um candidato que prometa acabar com as desigualdades sociais não me parece estar falando sério, ou não têm muita noção do que está dizendo.