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Artigos-->NADA DE NOVO NO ESPÍRITO HUMANO 2 -- 01/09/2006 - 08:54 (Jeovah de Moura Nunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos








Escandalosamente destronados de suas propaladas democracias, os americanos fazem hoje a limpeza do lixo autoritário de Sadam Hussein. Despejaram bombas e mais bombas sobre Bagdá, cidade muito mais antiga do que Nova Yorque, sem se preocuparem com as cabeças dos inocentes, “eventualmente atingidas”, segundo critérios dos senhores da guerra. Porém, a guerra não acabou. Para os árabes contrários aos Estados Unidos a guerra continua. As mortes se perpetuam dia após dia, numa guerrilha urbana das mais violentas que a humanidade já viu. Isto porque o árabe fundamentalista não se importa de viver ou morrer. Muito diferente da filosofia ocidental que valoriza a vida na Terra de maneira apegada e fantasiosa.



Mas, a partir do momento em que os americanos deliberaram invadir o Iraque, começaram também a sofrer uma derrocada moral. Isto porque o homem hodierno está mais em sintonia com a sua paz e a paz de outros povos. Isto em qualquer filosofia, ou em qualquer religião que se preze. Para existir paz é necessário existir justiça, além da aceitação de um pouco de humildade. Sempre fazendo amigos e não inimigos. O mundo hoje não aceita mais as barbáries, as tomadas de posições unilaterais, alheias ao pensamento de um mundo mais pacificado. Nosso país, o Brasil, é essencialmente assim, pacífico e amigo de todos os povos, embora vivamos internamente uma violenta guerra social, onde se morre mais gente do que no Iraque, diariamente. Isto acontece em razão das diferenças sociais gritantes e de um exagero que somente os ricos e abastados não enxergam. Mas, acabarão enxergando em razão das conseqüências sociais. As riquezas também atraem os dias de cães.



A indústria bélica americana, sedenta de sangue e de dólares, havia caído num pequeno ostracismo depois da derrota no Vietnã. Com a destruição das torres gêmeas reacenderam-se as cobiças desenfreadas daquele passado maravilhoso, cheio de guerras e de dólares. A “tempestade no deserto” no inicio dos anos noventa foi apenas um pequeno aperitivo nos experimentos de novas armas. A desculpa das torres destruídas foi um prato cheio para se fazer mais guerras. A diferença está na desmoralização do ataque ao Iraque. Os Estados Unidos nunca mais serão o mesmo país de nossos sonhos, que edificaram em Hollywood. Passaram a ser os invasores e destruidores de pequenas nações, além do desacato ao mundo quando não respeitou a resolução da ONU contra o desfecho da guerra. Inclusos estão a Inglaterra, a Espanha, a Itália e até a França. A vitória sobre o Iraque certamente que teve um gosto amargo de uma derrota, através da visão agora refeita de que a guerra não acabou para os revoltosos do Iraque, que eles os americanos chamam de terroristas. Se os americanos amavam tanto as torres gêmeas que procurassem sempre a paz e a concórdia entre os povos, e não o ataque, o policiamento do mundo e outras formas de provocarem a ira de pessoas que não são semelhantes a nós aqui do ocidente, no que concerne às suas convicções. São guerreiros milenares de corpo e alma e dão muito valor à morte e não à vida na Terra. E eles certamente têm direito à filosofia que os norteiam ao tipo de vida que levam, sem que americanos e europeus venham interferir.



A verdade é que o espírito humano ainda é o mesmo da idade da pedra em meio à parafernália da globalização. Mata-se hoje como se matava há milênios. E diferentemente dos animais que matam para sobreviver, o homem mata por prazer. Por isso apesar dos milênios não há nada de novo no velho espírito macambúzio e sedento de sangue dos homens, que se dizem novos neste início de terceiro milênio da era cristã. Talvez o esforço de Jesus, de Maomé e de Buda, os grandes mestres do espírito humano tenham sido em vão. Nós continuamos a amar a morte ao invés de amar a vida. E quando digo isto, faço-o com referências à eternidade, porque amar a morte nesta vida não é amar a vida na eternidade. Há uma nítida distinção do homem ocidental à vida eterna, quando chega a não acreditar nela. Os árabes crêem muito mais do que nós na vida eterna, por isso eles não têm medo da morte. A morte para nós é uma tristeza, para eles uma grande festa. Os EUA que se cuidem.





Jeovah de Moura Nunes

Jornalista e escritor

jeovahmnunes@hotmail.com

Mtb. nº 34583











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