Nossos problemas brasileiros fazem parte dos problemas mundiais, tanto na área econômica como nas sociais e ambientais. Nossa economia, entretanto, funciona de uma maneira que flagrantemente se abre na enorme fissura da desigualdade. Não precisamos ir longe para observar o privilégio dos magnatas da terra. Isto é, aqueles que recebem gordos subsídios do governo e dos bancos para plantarem soja, objetivando a imediata exportação.
Semelhantes aos cafeicultores do passado esses fazendeiros milionários são respeitados pelo governo de forma quase subserviente. Isto porque a soja é responsável pela manutenção de uma balança comercial, que se não for favorável ao País, pelo menos dará um certo equilíbrio. E o governo, seja qual for ele, ficará divulgando com o dinheiro público seus sucessos internacionais na venda e na compra. Além de permitir, pelo menos aparentemente, que esses fazendeiros destruam as florestas o quanto quiserem, no intuito de plantar soja. E sem gerarem os esperados empregos que o volume de recurso sugere.
No social existem dois mundos: o da maioria e o da minoria. A maioria vive o pesadelo de não ter garantias da saúde, da moradia, da educação, do emprego e da falta de Justiça, além de pagar os mais escorchantes, ou exorbitantes impostos do planeta. Já o mundo da minoria vive o sonho e a fantasia diariamente. Eles têm tudo. Têm casas, comida em abundância, médicos na hora que necessitarem, Justiça também, ensino pago de grande qualidade e viajam constantemente para o exterior, pagam impostos também, mas isso tem valor inócuo para a riqueza deles. Enfim, vivem o que denominava um filme: “A ilha da fantasia”. Com a diferença de ser o Brasil para eles uma gigantesca fantasia. E para os demais um gigantesco pesadelo.
É quase que um milagre este país não ter ainda se fragmentado em pequenas nações. Mas, a continuar esse comportamento atípico para uma sociedade, nas proporções a que estamos chegando, tudo pode algum dia no futuro se tornar realidade. Já tivemos no Brasil o exemplo da Província Cisplatina, que hoje é o Uruguai e do Rio Grande do Sul, cuja guerra de dez anos quase saiu vitoriosa a famosa República de Piratini. Os continentes se fragmentaram a exemplo da Europa. Os Estados Unidos estavam perdendo suas províncias há mais de dois séculos para o México, ou mesmo para uma emancipação local de cada um isoladamente. Foram a lutas por uma vida social melhor, democrática e com oportunidades para todos, que uniram os estados e formaram a grande nação da América do Norte.
A verdade é que o Brasil está se tornando ingovernável. Principalmente em razão do excesso de corrupção passiva e ativa em plenos palácios governamentais. Cada dia que passa descobre-se um político ladrão. Também estamos assistindo às hostilidades de uma facção criminosa, que cometeu muito mais prejuízos - tanto à vida humana, quanto às materiais - do que àquelas românticas facções esquerdistas do passado. Se por tão pouco sofremos no passado, o que poderá acontecer no presente, ou no futuro? E estamos nos referindo aos criminosos que são muito mais organizados, tanto os criminosos encarcerados, quanto os criminosos que estão nos palácios em Brasília e pelos gabinetes de outros poderes.
Nas eleições próximas vamos pôr a mão na consciência e pensar mil vezes, antes de apertarmos os botões daquela máquina na hora de votarmos. Pensar a partir de agora. Anotar em quem vamos votar. Escolher os nomes pausadamente pelo passado do candidato. Se fez, ou se nunca fez nada. Se roubou, ou se nunca roubou nada. Se aumentou imposto. Se fez a população sofrer durante o mandato. Se esqueceu as promessas feitas. Se falou bem nos discursos, mas agiu mal em seu governo, ou mandato. Devemos valorizar os homens que pensam muito bem em nosso País, e não aqueles que falam iguais aos papagaios e nada fazem, principalmente aqueles que redigem leis no Congresso, os deputados federais, os estaduais, os senadores, e também os vereadores dentro de dois anos. Leis que não condizem com as nossas vidas, nem com a dinâmica da Justiça, que necessita julgar bem e condenar de acordo com a magnitude dos crimes, e não baseado em leis de deputados que são eleitos em troca de uma dose de bebida alcoólica, num bar qualquer.