Infelizmente, Heloísa Helena, na decorrente circunstância, tudo quanto poderá lograr resume-se apenas a influenciar ou não a ocorrência de um 2º. turno eleitoral, entregando, em nome de uma postura de cidadã condigna, a oportunidade ao principal adversário político, e isto se porventura concitar em si uma votação que ronde os 15 pontos percentuais face a um eleitorado que está empolgadamente em lance de reeleger pior do que ladrão.
Também infelizmente, Lula não se enquadra na plausibilidade de um Zé-do-Telhado hodierno. Segundo recente parecer público de Itamar Franco, ex-presidente entre 1999 e 2002, sua decepção é assaz esclarecedora: "Fui o primeiro governador da oposição a apoiar Lula. Acreditava muito nele. De repente percebi que ele se tornou um homem importante, mas que usa o poder para si e não para os interesses nacionais. É impossível que o presidente não soubesse de nada sobre o que está a acontecer".
O que acontece, pois, escandalosamente no Brasil? Eis o rosário memórico que uma esconsa cambada de petistas reza com todas as mãos perante um chefe que se declara ridiculamente cego e surdo, tão-só não sendo mudo para proclamar que, entre a montanha da corrupta locupletação que impante grassa, ele é o único que não se abotoa e entretanto faz quanto pode para impedir que o imbróglio se deslinde:
& 9827; O circo ambulante do mensalão
& 9827; O prodígio sanguessugante
& 9827; O encobrimento de casos homicidas
& 9827; A locupletação pelos familiares de Lula
& 9827; A negociação com bandidos e presidiários
& 9827; O falhanço total do programa social
& 9827; A mediocrização do sistema de ensino
& 9827; A fraude achincalhante dos adversários políticos
Considerem-se os membros, sucessivamente arrumados na impunidade, de um vasto comité que, à guisa do famigerado Estaline, se apoderou, sob um estendal de ilicitudes, do aparelho de Estado:
& 9827; José Dirceu
& 9827; José Genoíno
& 9827; Sílvio Pereira
& 9827; Delúbio Soares
& 9827; António Palocci
& 9827; Luiz Gushiken...
... E tantos outros, o que fez Lula desconetar-se quanto possível do seu partido e submeter-se ao oportunismo do estranho apoio e aplauso de Collor, de Sarney, de Delfim Netto, dos evangélicos e das oligarquias do PMDB, espécie de mixórdia política e religiosa cuja finalidade visa sobretudo a manutenção do poder corrupto em que o Brasil cada vez mais se entretece e afunda.
Que é feito assim do antigo torneiro mecânico de São Bernardo do Campo, o retirante do Nordeste, que chegou à presidência para vingar os pobres e os humilhados?
Que pode, em resumo, a senadora Heloísa fazer entre tão límpido nevoeiro político e social? Quanto a mim, fugir, fugir para muito longe, nem que seja para o mais inóspito recanto natural da Amazónia.
Mas então, defronte a um tal cenário, como se justifica que uma maioria de brasileiros, até ver, esteja decidida a votar em Lula? Presumirá que seja a única forma de destruir os eternos papões que não cessam de engordar sob toda a espécie de política. Que erro crasso: mais engordarão ainda!
Todavia, cedo ou tarde, o benquisto Povão haverá de saber quanto vale deveras um rude inepto que sonhou entronizar-se em nome de melhorar a existência dos mais frágeis e carentes. |