O Brasil democrático, entretecido por esconsas e capciosas tramas políticas, acaba de exprimir-se eleitoralmente, tal como juiz que numa só cabeça detivesse 96 milhões de cérebros. Por apenas quatro décimas percentuais o presidente Lula, encimando um partido sobre o qual recaem gravíssimas tropelias da mais diversa ilicitude, não foi de imediato reeleito. Pelos votos escrutinados e em apreço...
Lula - 46.661.622
Alckmin - 39.968.037
Heloísa - 6.575.350
Buarque - 2.538.829
Brancos e nulos - 8.823.308
... Constata-se que a decisão, a ter lugar no próximo dia 29, sairá dos eleitores que votaram em Heloísa, em Buarque ou se expressaram em votos brancos e nulos, à volta de 18 milhões e pico. De resto, verifica-se que o povo brasileiro está meio por meio dividido entre o "sim-e-não" a Lula.
A Heloísa, em termos de futuro político, convém que Lula não logre a reeleição, única forma de robustizar o seu partido e concitar forte apoio eleitoral numa próxima candidatura. Por consequência, é natural que a senadora apele ao voto em branco ou entregue o desiderato à consciência dos seus eleitores. De qualquer forma, Lula ou Alckmin só por muito curta margem chegarão ao timão presidencial.
Desta feita Lula apresenta-se disponível para "esclarecer" os nebulosos equívocos que germinam em seu redor. Do modo em como o fizer e consoante decorrerem as polémicas inquirições em curso, dependerá em grande parte a sua continuidade presidencial. Se Lula cair o PT tenderá a rápida desmorenação e o Brasil entrará num inquietante e indefinido período político, ou seja: terá de andar para a frente voltando para trás. |